O presidente do Corinthians, Augusto Melo, enfrenta seu momento mais crítico desde que assumiu o clube. A base política que o elegeu se desfez, o apoio institucional se fragmentou e o ambiente interno já é de disputa por sua sucessão. Em menos de um ano e meio de mandato, o presidente vê a governabilidade escorrer pelos dedos.
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No Conselho Deliberativo, quatro pedidos de impeachment já foram protocolados e cresce o número de conselheiros — inclusive ex-aliados — que defendem uma nova eleição para um mandato tampão. A gestão, que começou prometendo ruptura com velhas práticas, agora está sob forte cerco político e jurídico.

A crise explodiu com o escândalo envolvendo a intermediação do patrocínio da VaideBet. A Polícia Civil, seguindo o rastro do dinheiro, apura o desvio de recursos para contas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital), o que deu contornos criminais a um caso que já era delicado. O desgaste público foi imediato. Internamente, o estrago foi ainda maior.
Dirigentes deixaram a gestão de Melo
Desde o início do mandato, 16 diretores deixaram a administração, entre saídas voluntárias e afastamentos. Áreas estratégicas, como finanças e marketing, ficaram acéfalas. O comando jurídico já trocou três vezes. A debandada foi acompanhada de um movimento político claro: ex-integrantes da gestão se articulam como adversários, com os olhos voltados para a próxima eleição.
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O isolamento do presidente é cada vez mais visível. A Gaviões da Fiel, tradicional pilar de sustentação popular, já avisou que não fará oposição ao impeachment caso ele avance no Conselho. O gesto foi lido como um sinal de que até as arquibancadas se distanciaram da atual gestão.
Sozinho no clube
Na tarde desta sexta-feira, em entrevista coletiva convocada para anunciar novos integrantes da diretoria remendada, Augusto tentou manter o discurso de resistência e falsa estabilidade. Enalteceu o que julga ser conquistas de sua gestão e descartou a hipótese de renúncia. Disse que “vai lutar até o fim”. E insistiu na tese de que não tem qualquer responsabilidade nos escândalos. Mas o clima dentro do clube é outro: a gestão perdeu a base, perdeu o rumo e começa a perder até o tempo político.
O presidente ainda está no cargo — mas o apoio que o sustentava já não está mais com ele. E, num clube como o Corinthians, isso costuma ser o começo de algo maior.