A nação palmeirense amanheceu em silêncio, ainda tentando entender a derrota da noite de sexta-feira, na Filadélfia, Estados Unidos. Seguramente, esta não foi uma derrota qualquer. Ela marca mais uma queda em um Mundial de Clubes, de novo diante de um Chelsea que parecia “ganhável”. Mais uma vez carregando a frustração de uma torcida que, desta vez, ousou acreditar. Havia uma corrente de positividade em torno do Verdão como há muito não se via — talvez porque, mesmo não sendo o favorito, parecia haver um roteiro possível que levava até a final. Não era exagero acreditar. E por isso a dor é maior.

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Mas quando um sonho se desfaz, o erro mais comum é procurar culpados. Apontar o dedo. Personificar a falha. E no Palmeiras, a caça às bruxas já começou — injustamente. Parte da torcida, nas redes sociais, tenta relativizar a queda e aplaudir a entrega da equipe, destacando até virtudes inesperadas. Mas há também aqueles nichos que precisam eleger um vilão. E muitos deles escolheram o goleiro Weverton.

Weverton falhou no segundo gol do Chelsea na derrota do Palmeiras por 2 a 1 nas quartas do Mundial  / Robson Morelli

Sim, ele falhou. O gol que selou a eliminação nasceu de um lance infeliz: o chute rasteiro veio do lateral-esquerdo francês Malo Gusto, e a bola, no meio do caminho, desviou levemente no bico da chuteira de Giay, desorientando Weverton, que acabou espalmando para dentro do próprio gol, como consequência de um gesto técnico infeliz.

Quando se perde, perdem todos

Um lance acidental, um gol contra insólito. Mas é importante lembrar: após essa falha, Weverton ainda fez duas grandes defesas nos minutos finais, evitando um placar mais doloroso. Reduzir o jogo àquele erro é, além de cruel, incorreto. Como sempre disse Abel Ferreira — este, sim, o maior símbolo desse ciclo palmeirense —, quando se perde, perdem todos. Quando se ganha, ganham todos. Futebol é jogo coletivo, de interdependências, de engrenagens. E nada funcionará bem sem uma cadeia de acertos.

Abel perdeu mais um Mundial no comando do Palmeiras, mas não se pode responsabilizá-lo pelo fracasso / Palmeiras

Também não se deve culpar os zagueiros reservas, que substituíram os titulares Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez. A ausência desse trio foi sentida — e como. Mas é injusto cobrar de seus substitutos um desempenho no mesmo nível. Nenhum outro clube brasileiro tem peças de reposição à altura desses três. Ainda assim, quem jogou não comprometeu.

Abel não tem culpa de nada

O erro maior, e mais perigoso, seria mirar em Abel. Sugerir que ele falhou na escalação ao deixar Maurício no banco ou ao insistir em Facundo é simplificar demais. Julgar depois do resultado é fácil. E desonesto. Abel é, indiscutivelmente, o melhor treinador da história do Palmeiras. Se ele não encontrou uma solução mágica desta vez, é porque nem sempre há. O futebol não é uma ciência exata — e o Chelsea é um gigante europeu.

O projeto do Palmeiras não fracassou. O sonho do Mundial, sim, foi interrompido. Mas há um abismo entre um tropeço e um colapso. O time continua forte, o elenco segue competitivo e o trabalho de Abel ainda é referência. O que não pode acontecer é deixar que a frustração destrua uma construção sólida. O fim do sonho, hoje, talvez seja apenas um intervalo.

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O que vem a seguir depende da capacidade do Palmeiras de proteger o que tem de mais valioso: sua estabilidade. O resto é ruído. Munição para rivais que querem ver o time ruir por dentro. Mas um verdadeiro projeto não se mede por uma derrota. Se mede pelo que vem depois dela. Avanti, Palestra!

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