O novo Mundial de Clubes, que começa neste sábado nos Estados Unidos, já escancara um problema que a Fifa não pode ignorar. Mais do que uma competição por si só relevante — afinal, trata-se da reunião de 32 campeões de todos os continentes —, o torneio funciona como um teste informal para o que está por vir em 2026, quando Estados Unidos, Canadá e México sediarão a próxima Copa do Mundo de seleções. E os primeiros sinais não são animadores.
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Apesar do peso dos participantes — Real Madrid, Manchester City, Bayern de Munique, PSG, Boca Juniors, River Plate e os brasileiros Flamengo, Palmeiras, Fluminense e Botafogo —, o apelo do torneio no mercado americano até aqui é alarmantemente baixo. O desinteresse é tão evidente que a Fifa, pela segunda vez em poucos meses, reduziu os preços dos ingressos.

Em alguns casos, especialmente para estudantes e pacotes familiares, os bilhetes estão em liquidação. Para o jogo de abertura em Miami, por exemplo, é possível comprar quatro entradas por US$ 20 — valor inferior ao de um ingresso para jogos medianos do Campeonato Brasileiro.
País da NFL, NBA e MLB
A frustração não surpreende quem acompanha de perto o esporte nos Estados Unidos. O futebol, embora em crescimento, ainda não tem o mesmo lugar no imaginário esportivo do torcedor local, acostumado a consumir NFL, NBA e MLB com outro tipo de vínculo emocional e cultural.
Mas o fiasco parcial na venda de ingressos não pode ser atribuído só ao “american way of sport”. Há também um erro estratégico da própria Fifa, que costuma aplicar uma política elitista de preços, ancorada na ideia de que todo produto com o seu selo carrega valor agregado automático.
Fifa tem de pensar na arquibancada
Só que não é bem assim — e o público está respondendo com o bolso. O modelo do novo Mundial de Clubes, realizado a cada quatro anos nos moldes de uma Copa do Mundo de seleções, depende do sucesso comercial para se consolidar como um produto viável no calendário internacional. E esse sucesso começa pelas arquibancadas. Sem torcida, não há atmosfera nem espetáculo. Não há memória. Só um amontoado de jogos em estádios vazios.

Relatos do correspondente do The Football em Nova York indicam que a torcida palmeirense começa a marcar presença na cidade, mas ainda em número abaixo do esperado. O mesmo se observa em outras sedes. Tomara que a maré vire a tempo — até porque, para os brasileiros, o Mundial representa uma das raras oportunidades de bater de frente com as potências europeias em campo neutro. É jogo grande. É título que vale.
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Mas o alerta está dado. O Mundial pode até ser novo no formato, mas os erros são velhos. A Fifa precisa entender que encher estádios nos Estados Unidos exige mais do que um bom line-up de clubes: é preciso sensibilidade de mercado, respeito ao perfil do torcedor local e menos ganância na hora de precificar o espetáculo. Que esse torneio sirva de lição — antes que seja tarde para 2026.