Lionel Messi completa 38 anos nesta terça-feira. A essa altura da vida, depois de vencer tudo o que o futebol poderia oferecer — títulos, prêmios, recordes e a admiração unânime do planeta —, ele teria todas as razões para encerrar sua jornada competitiva. Poderia viver da memória, da herança, da lenda. Mas Messi ainda joga. E enquanto joga, encanta. Não mais com a velocidade explosiva de outros tempos, mas com a sabedoria acumulada de quem domina a linguagem do jogo como poucos na história.
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Na noite de segunda-feira, no empate por 2 a 2 entre Palmeiras e Inter Miami, no Hard Rock Stadium, em Miami, pela última rodada da fase de grupos do Super Mundial de Clubes, ele deu mais uma aula. Mas não foi a exibição mais brilhante de sua carreira, por óbvio. Mas bastou sua presença para alterar o ambiente, organizar o time, inspirar os companheiros e provocar nos adversários algo raro no futebol profissional: a emoção de quem está diante de uma lenda.

O jogo, por si só, já tinha um peso. O Palmeiras precisava do empate para garantir a liderança. O Inter Miami, que entrou no torneio como franco-atirador em um grupo que incluía o maior campeão do Brasil, o tradicional Porto e o experiente Al-Ahly, chegou à rodada final com chances reais. E conseguiu. O 2 a 2 classificou os dois — o Palmeiras em primeiro, o Inter em segundo. Um feito para o time americano. E, em grande parte, por causa de Messi – beneficiado por um equívoco de Abel Ferreira, que armou um meio-campo permissivo demais para Messi executar seu concerto. Livre de marcação, o
Maestro Messi regeu o andamento do jogo no seu ritmo.
O show de Messi
Já não se trata apenas do que ele faz com a bola. Mas de como faz, e do que representa. Messi hoje joga em outra frequência. Enxerga espaços, antecipa movimentos, dita o destino da partida. É um organizador paciente, um distribuidor de talento, um pensador em campo. Seus passes milimétricos, sua cadência, sua influência na fluidez da partida mostram que o futebol, quando vivido com inteligência e instinto, pode resistir ao tempo.
O impacto da presença de Messi
Mas o que mais chamou atenção não foi um lance, uma jogada ou uma estatística. Foi o que aconteceu ao redor dele. A reação dos jovens jogadores do Palmeiras, sobretudo os mais novos, foi o verdadeiro retrato do impacto da presença, e da nobreza, de Messi. Ao fim da partida, e mesmo durante, muitos se aproximaram com respeito, quase em estado de deslumbramento. Pediram autógrafos, selfies, camisas. Alguns com a timidez de quem encara o próprio ídolo. Outros com a naturalidade de quem cresceu com Messi como pano de fundo da infância.

O símbolo mais forte desse momento foi Estêvão, chamado de Messinho quando dava os primeiros passos de craque da bola. Aos 17 anos, a grande revelação do futebol brasileiro em 2024, vendido ao Chelsea e nome certo na seleção brasileira de Carlo Ancelotti, Estêvão não teve vergonha de mostrar o quanto aquilo significava. De modo que ele pediu a camisa de Messi no intervalo (e a de Suárez no fim). E depois, com a serenidade de quem entende o momento que viveu, confessou todo seu encantamento.
Foi incrível encontrar um cara que eu jogava com ele no videogame… e de repente eu tô ali, dividindo o campo. Minhas pernas tremiam. Ele é meu ídolo e minha referência. Foi uma experiência que nunca esquecerei. ESTÊVÃO
Não há frase mais sincera. Não há estatística mais justa. O futebol, em sua essência, é feito também desses encontros. E é raro que eles aconteçam com a naturalidade e o simbolismo da noite em Miami. Não houve constrangimento. Não houve disputa de ego. Houve reconhecimento. A reverência dos atletas do Palmeiras a Messi não enfraquece a competitividade. Pelo contrário: reforça o respeito mútuo e engrandece o jogo. Porque reconhecer um ídolo também é sinal de maturidade esportiva.
E Messi, por sua vez, corresponde. Mesmo longe das grandes ligas, em um time modesto, em um projeto de expansão do futebol nos Estados Unidos, ele segue sendo uma bússola. De modo que seus companheiros jogam melhor quando ele está em campo. Seus adversários sentem o peso de sua presença. E o público, mesmo que não veja mais os mesmos dribles alucinantes de antes, continua hipnotizado.
Messi: testemunha viva de sua era
Essa versão de Messi, mais serena, mais cerebral, mais simbólica, talvez seja a mais fascinante. Porque é humana. É Messi resistindo ao tempo, reescrevendo o papel do craque veterano no futebol moderno. É Messi como testemunha viva de uma era — e ainda ativo, ainda capaz de interferir, decidir, emocionar.
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Aos 38 anos, Messi joga por prazer, por amor ao jogo, por reverência à própria história. E talvez também por entender que sua presença ainda tem um papel formativo. Para os jovens que o enfrentam, dividir o campo com ele é quase um rito de passagem. Ao torcedor, é um privilégio raro. Para o futebol, é uma benção que ainda não se aposentou. Assim, em tempos de idolatrias voláteis, de heróis de uma temporada, Messi permanece. E isso, por si só, já diz tudo.