O mais importante da rodada desta quarta-feira do Brasileirão talvez não tenha acontecido dentro de campo. Pode muito bem ter sido um simples post no Facebook, que, para muita gente, passou despercebido. Seria bom, no entanto, que todos dedicassem um minuto de atenção a uma postagem do meu grande amigo jornalista Lédio Carmona — um dos profissionais mais sérios, sensíveis e independentes da crônica esportiva brasileira.

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Comentarista dos canais Globo, Lédio captou com precisão cirúrgica — e humanidade rara — o simbolismo da estreia de Robinho Júnior. Um menino de 17 anos, nascido e criado nos campos da Vila Belmiro, que entrou no segundo tempo da vitória do Santos sobre o Flamengo, sob aplausos da torcida. Um jovem atacante que tenta trilhar o próprio caminho, mas que carrega um nome que já nasceu histórico… e hoje está marcado por um crime hediondo.

Robinho Jr. se emociona com sua partida pelo Santos na Vila Belmiro: ele é filho de Robinho, preso por estupro / Santos

Robinho, o pai, está preso na penitenciária de Tremembé II. A Justiça Italiana o condenou por estupro. Crime brutal, imperdoável. Ídolo que virou vergonha. Exemplo de como a fama, a habilidade e o carisma podem ser tragicamente esmagados por escolhas criminosas. A justiça foi feita. Que a pena seja cumprida até o fim.

O filho não é o pai

Mas o filho não cometeu crime nenhum. Robinho Júnior só quer jogar bola. Quer ser jogador. Quer viver a própria história. E tem todo o direito de tentar seguir seu sonho. O que ele menos precisa agora é virar alvo de linchamento virtual, ser julgado por algo que nunca fez, ser arrastado para o tribunal moral das redes sociais só porque é filho de quem é. Não há nada mais injusto do que condenar alguém pelo passado de outro. Mesmo que esse outro seja o pai.

Robinho Jr. fez sua estreia ao lado de Neymar no Brasileirão: garoto tem 17 anos e busca seu caminho na Vila / Santos

A sociedade pode — e deve — abominar quem comete crimes como o de Robinho pai. Mas querer cancelar o filho por associação é repetir o erro em outro nível. É cruel, covarde, desumano. E, em certo sentido, também é criminoso. Porque acusar alguém por um crime que não cometeu, só porque carrega o nome de quem o fez, é repetir a lógica mais primitiva da injustiça.

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Robinho Júnior não escolheu nascer com esse nome. Mas escolheu lutar por um sonho. Estreou no time principal do Santos tentando ser só isso: um jogador começando a vida. E se o peso do nome já é grande demais, que ele não seja esmagado por quem acha que justiça é punir até quem não tem culpa.

Por isso peço licença para me engajar na provocação de Lédio Carmona. Não sejamos covardes com Robinho Júnior. O menino merece respeito. E merece a chance de ser lembrado, no futuro, não pelo pai, mas pelo que ele próprio decidir ser.

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