A surpreendente decisão que inocentou Lucas Paquetá das acusações de envolvimento com manipulação de resultados e apostas esportivas repercute muito além da vida do meia brasileiro. Alvo de um processo que se arrastava há dois anos, o jogador — que chegou a ser preterido das últimas convocações da seleção brasileira por conta do imbróglio jurídico — agora está oficialmente livre para jogar. Livre para vestir a camisa do West Ham e, se assim desejar Carlo Ancelotti, a do Brasil.
Desde o início, Paquetá negou qualquer envolvimento com o esquema investigado. Portanto, ele sempre sustentou sua inocência. E agora, com a absolvição anunciada pela corte inglesa, diz estar aliviado e pronto para voltar a atuar com leveza, com o sorriso no rosto.

A decisão surpreendeu parte considerável da opinião pública. Afinal, os indícios levantados à época da denúncia pareciam sólidos o suficiente para alimentar a expectativa de uma condenação. Se fez justiça, ao menos sob os critérios do tribunal que julgou o caso.
O futebol precisa se proteger
Sem entrar no mérito da sentença e da profundidade do inquérito, fica no ar uma reflexão incômoda. Por que alguns são inocentados e outros, punidos com rigor? Não é difícil lembrar de jogadores com menos status e sem a blindagem de grandes clubes ou seleções que foram rapidamente julgados, condenados e banidos. A Justiça, em qualquer instância, precisa ser equânime. De modo que o futebol não pode conviver com a ideia de uma Justiça seletiva — nem dentro nem fora de campo.
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Mais do que isso: o futebol precisa se proteger. A relação promíscua entre atletas e o submundo das apostas é um risco real à credibilidade do jogo. A suspeita de que um resultado possa ter sido combinado fora das quatro linhas corrói a confiança de torcedores, mancha campeonatos inteiros e compromete a integridade do esporte.
Qual é o exemplo que fica?
Que a absolvição de Paquetá seja mesmo justa. Mas que ela também não sirva de salvo-conduto para quem, de fato, manipula, corrompe ou lucra com o desvio de ética. O culpado deve ser punido. Com firmeza e com clareza. Portanto, para que o futebol siga sendo decidido onde sempre deveria ser: no campo.





