POR PAULO VINÍCIUS COELHO

O retorno do São Paulo de Quito impõe reflexões. O início da semana, antes da viagem ao Equador, também. Primeiro, a derrota. Perder para a LDU na altitude não é uma novidade. Pela quarta vez, o São Paulo foi ao estádio Casa Blanca e pela quarta vez retornou com derrota. Jogou bem, mas falta sempre alguma coisa.

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O time montado para ter Lucas, Oscar e Calleri precisou de Luciano, Rigoni e Ferreirinha. Houve três centroavantes machucados na temporada. É justo ponderar as razões para a equipe não ter a capacidade de ferir seus adversários verdadeiramente. O elenco é médio, porque os problemas financeiros são grandes e a capacidade de recuperação do clube é mediana. Foi-se o tempo em que o São Paulo revelava Muller, Silas, Kaká, Lucas, Oscar e vendia com muito mais lucro do que seus grandes rivais.

Presidente do São Paulo, Julio Casares vai ter de convencer os cardeais do clube de uma parceria com a base / SPFC

Há quarenta anos, o São Paulo iniciou a temporada 1984 com discurso pessimista do então presidente Carlos Miguel Aidar. Dizia que não tinha mais condição de competir com rivais mais ricos e que a única solução era apostar em jogadores formados em casa. Um ano e meio depois, a geração dos Menudos encantava o país sob o comando de Cilinho, técnico barato e brilhante.

Histórico de revelações

O São Paulo não tinha parado de revelar nunca. Nos anos 1940, o Gigante do Maracanã, Bauer. Na década de 1970, Serginho, Zé Sérgio e Muricy. Era só retomar uma gigantesca tradição são-paulina, que descobriu jogadores no campo da rua da Mooca, na várzea do rio Pinheiros, nos campos às margens da avenida Francisco Morato, debaixo das arquibancadas do Morumbi, no CT da Barra Funda.

Não é possível que, logo agora, quando tem o magnífico CT de Cotia, que o São Paulo precise pedir socorro a um parceiro para revigorar sua capacidade de descobrir grandes craques. Mas é. Na segunda-feira, a reunião previamente esperada para o Morumbi foi agendada para a sede da Galápagos, na Avenida Rebouças. Conselheiros de oposição reclamaram por não terem sido convidados, mas digamos que tenha sido uma reunião prévia, uma apresentação para uma elite do conselho apenas.

Há motivos para julgar que a parceria para que um fundo de investimentos tenha 30% dos próximos jogadores formados no Morumbi seja vanguarda. Que seja a recapacitação para descobrir jogadores, que hoje quem descobre é o Palmeiras. Por que o rival tem capacidade financeira para comprar jogadores pré-prontos, como Estêvão? Ah, sim. Mas e Gabriel Jesus, Endrick, Vítor Reis, Luís Guilherme, Kevin, Giovani, Thalys, Luighi, Jhon Jhon, Fabinho, Vanderlan, Garcia…

Parceiro ou empresários?

E os outros 120 jogadores espalhados pelo mundo que ainda pertencem ao Palmeiras em porcentagens ou receitas de vendas futuras? Não é verdade que João Paulo Sampaio, o mais badalado diretor de divisões de base do Brasil, seja o mago das compras dos pré-moldados. Mas isto não exclui que o São Paulo seja vanguarda e descubra uma solução excepcional associando-se com um fundo de investimentos e deixando de ter jogadores com empresários como sócios, em 10%, 15%, 40%, como na venda do zagueiro Beraldo.

A pergunta é por que o Palmeiras conseguiu quebrar sua falta de história em revelações e se tornar a maior academia de jovens craques do Brasil, enquanto o São Paulo entende que precisa de um sócio para reviver sua enorme tradição em revelar jogadores? Por que o São Paulo não pode formar em Cotia a geração capaz de agredir seus adversários como Rigoni e Luciano não conseguiram em Quito?

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A resposta pode ser perfeitamente oferecida pela diretoria nas próximas reuniões do Conselho Deliberativo. Pelo que se ouviu depois da reunião da Avenida Rebouças, só não parece fácil convencer os cardeais de que o caminho é ter o sócio que o São Paulo não teve no passado.

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