O Mirassol vencer o São Paulo já não é nenhuma surpresa. Basta dar uma olhada na tabela do Brasileirão para constatar que as posições das duas equipes afastam qualquer possibilidade de se falar em zebra. A surpresa, se é que existe, está na forma como o São Paulo foi derrotado na noite deste domingo, no Estádio José Maria de Campos Maia, o “Maião”, no interior paulista.
O placar de 3 a 0 em favor do time da casa chega a ser modesto diante do que foi a partida. De um lado, uma equipe bem treinada, organizada, ciente de cada ação que executava em campo. Do outro, um São Paulo totalmente entregue — sem força, sem criatividade e sem qualquer saída para romper o domínio adversário. Vale lembrar que no primeiro turno, o Mirassol também ganhou do São Paulo: 2 a 0.

A nova derrota amplia a série de insucessos recentes e coloca em xeque o trabalho do técnico argentino Hernán Crespo. Agora são sete derrotas em oito jogos. E o principal motivo da irritação é a teimosia do treinador em morrer abraçado às suas convicções táticas: a formação com três zagueiros e três volantes que engessa o time nas transições e dá liberdade para os adversários controlarem o jogo à vontade. Crespo não tem plano B — e isso já incomoda profundamente torcedores e cardeais do Morumbi.
Gol aos 36 segundos
O São Paulo foi totalmente envolvido pelo Mirassol, como já havia acontecido em outros jogos, confirmando as deficiências técnicas, a fragilidade tática e a ausência de alternativas quando o elenco sofre baixas. Certamente ainda haverá quem encontre na arbitragem a causa de mais esse fracasso — afinal, o árbitro Candançan marcou dois pênaltis para o Mirassol, o que foi decisivo para o placar. Mas essa muleta não pode ser a única desculpa. Até porque o time já perdia com 36 segundos de jogo.

Isso mesmo: 36 segundos! Foi o gol mais rápido do campeonato — um cruzamento em que o atacante do Mirassol precisou se abaixar para cabecear dentro da pequena área, completamente livre, sem marcação. Sintoma claro de um desajuste de posicionamento e de uma desatenção inexplicável para um time desse porte. Um gol sofrido aos 36 segundos destrói qualquer plano traçado na preleção de vestiário. Se a ideia era entrar com uma proposta mais reativa, esperando o Mirassol atacar para segurar o jogo nos primeiros 15 ou 20 minutos, tudo ruiu antes mesmo de o relógio completar um minuto.
Mirassol veneno
O oposto desse São Paulo cambaleante é o Mirassol, que chega a 52 pontos, mantém o quarto lugar à frente de muitos grandes do país e se aproxima de uma vaga direta na Libertadores do ano que vem — um prêmio improvável para quem começou o campeonato com o simples objetivo de se manter na Série A por mais uma temporada. Todos os méritos ao técnico Guanaes, seus jogadores, dirigentes e torcedores. O Mirassol não está nessa posição por obra do acaso — está por mérito, por trabalho e por saber o que faz em campo.