Por Paulo Vinícius Coelho, o PVC

A CBF enviou o coordenador da arbitragem Rodrigo Cintra para uma imersão na Premier League. Cintra passou três dias dentro da PGMO (Professional Game Match Official), entidade separada da organização do Campeonato Inglês que treina e profissionaliza os árbitros. Sua volta ao Brasil coincidiu com mais um debate sobre a arbitragem entre Palmeiras x Cruzeiro neste domingo. Os cruzeirenses reclamaram por Rafael Rodrigo Klein ter ido ao vídeo e decidido por cartão amarelo para Gustavo Gómez, interpretação possível, mas não ideal – a CBF considerou erro de arbitragem.

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Abel Ferreira criticou o árbitro por ter paralisado muito o jogo, considerou a interpretação possível – está certo – e falou sobre declarações recentes sobre erros especialmente favoráveis ao Palmeiras. “Narrativas hipócritas”, afirmou. O treinador lembrou que os problemas de arbitragem no Brasil existem há muitos anos e beneficiam, ou atrapalham, todos os clubes. Neste ponto, inquestionavelmente está certo.

Abel, técnico do Palmeiras, deixa o clássico com o Cruzeiro reclamando que o árbitro parou muito o jogo / Palmeiras

Levir Culpi estava no Atlético Mineiro e falava sobre campeonato manchado em 2015, o próprio Galo em 2012 contra o Fluminense, o Internacional reclamou da expulsão de Rodinei que favoreceu o Flamengo, em 2020, o São Paulo ganhou o jogo do título de 2008 com gol impedido de Borges... “A arbitragem brasileira mudou muito. Hoje os árbitros são péssimos e são honestos”, disse Armando Marques a este colunista no início de 2002.

Tem de profissionalizar o árbitro

A solução da arbitragem passa pela profissionalização e pela resposta a uma pergunta singela: os árbitros brasileiros conhecem a regra? Numa sala com gente de bom senso, será quase unânime a resposta de que, sim, conhecem. Então, por que raios apitam bem no exterior, são escalados para finais de torneios importantes, como Ramon Abatti Abel na Olimpíada, e não conseguem mostrar capacidade aqui dentro? A resposta passa pela pressão.

No dia do erro grosseiro em que Abatti Abel não deu pênalti de Allan em Tapia, em São Paulo 2 x 3 Palmeiras, o Bahia venceu o Flamengo sem problemas arbitrais e o diretor-executivo, José Boto, gritou contra a arbitragem do Morumbi. Por mais de duas semanas, jogou toda a pressão no colo do juiz escalado para Flamengo x Palmeiras. Resultado: mais debate sobre arbitragem. Mais insinuações de roubos a favor deste ou daquele.

Rafael Klein foi o árbitro do jogo entre Palmeiras x Cruzeiro no Allianz Parque: errou nos lances capitais / Palmeiras

O Palmeiras foi beneficiado com o pênalti marcado a seu favor contra o Sport, na segunda rodada, e pelo pênalti não marcado para o São Paulo, por Ramon Abatti Abel. O Flamengo ganhou do Palmeiras no turno e no returno, com um pênalti discutível a seu favor no Allianz Parque e não marcado contra si no Maracanã.

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E grita de cá, e grito de lá e o Brasileirão tem a terceira melhor média de público de qualquer torneio disputado neste velho país do futebol, em qualquer época. Só perde para os campeonatos de 2023 e 2024. Ou seja, mais gente presente em jogos do que havia no passado.

O futebol resiste

Desde 2017, o campeão sempre perde jogo ou ponto para rebaixado. A única exceção é o Flamengo de 2019. Neste ano, o Palmeiras empatou com o Vitória, o rubro-negro perdeu do Fortaleza. Apesar de se saber que palmeirense e rubro-negros disputariam o título, é só a segunda vez em dez anos que ocupam os dois primeiros lugares.

O Brasileirão é o mais imprevisível rodada a rodada. Mas os dirigentes se comportam de modo a sabotar o produto que deveriam divulgar. Se fosse um açougue, o Brasileirão teria uma faixa na porta com a frase: “Vendemos carne estragada.” Mesmo assim, as pessoas entram, consomem e gostam. A carne não está estragada. O campeonato não é roubado. É bom!

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