O Corinthians começa, enfim, a olhar para dentro. O anteprojeto de reforma estatutária apresentado pelo presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, é mais do que uma pauta burocrática: é o primeiro sopro de modernidade em anos de estagnação institucional. Louve-se a iniciativa — não sem tempo — de propor um novo marco para a governança do clube, adaptando-o a práticas de transparência e eficiência que o futebol contemporâneo exige.

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Entre os pontos mais simbólicos da proposta está a ampliação dos direitos do sócio-torcedor. É um gesto que vai muito além da semântica administrativa: reconhece-se, finalmente, que o Corinthians pertence àqueles que o sustentam — financeiramente, emocionalmente e existencialmente. Nenhum outro clube brasileiro tem relação tão visceral com sua torcida, e é justo que esse vínculo se traduza também em poder de voz e participação.

Corinthians precisa romper o ciclo de improviso e amadorismo para voltar a sonhar com grandes conquistas / Corinthians

Mas, como em todo processo de reforma, há pedras no caminho — e a maior delas atende pelo nome de SAF. Transformar ou não o Corinthians em Sociedade Anônima do Futebol é uma discussão que mexe com o coração e o bolso.

SAF é uma salvação?

Diante de uma dívida impagável em padrões normais, com passivos trabalhistas e judiciais que se arrastam por décadas e a herança pesada do financiamento da Neo Química Arena, é impossível negar que a SAF, em tese, poderia representar uma tábua de salvação.

Romeu Tuma Jr, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, fará o encaminhamento do novo estatuto/ Instagram

Na prática, o cenário é nebuloso

O modelo de “travas” previsto no anteprojeto, que limita o controle acionário de investidores, parece pouco sedutor para quem está disposto a aportar capital significativo. Poucos arriscariam tanto dinheiro sem o poder de decisão plena — e menos ainda num clube cuja política interna costuma transformar qualquer mudança em campo minado.

Ainda assim, a simples disposição de discutir o tema já é, por si só, um avanço. O Corinthians precisa, urgentemente, romper o ciclo de improviso e amadorismo que o trouxe até aqui. Modernizar o estatuto não é apenas um gesto administrativo — é uma questão de sobrevivência. O clube que nasceu do povo e se fez gigante pela paixão de seus torcedores precisa agora provar que também pode ser grande pela sua capacidade de se reinventar.

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O futuro do Corinthians depende, mais do que de um novo modelo de gestão, de uma nova mentalidade. E talvez o anteprojeto apresentado hoje seja, quem sabe, o primeiro passo nessa direção.

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