Faltam nove jogos. Nove decisões. O Santos vive de novo à beira do abismo, refém de sua própria instabilidade e da soma de equívocos que o trouxeram até aqui. E é justamente neste momento-limite que Neymar volta a aparecer no CT Rei Pelé, calçando chuteiras, trocando passes, ensaiando sorrisos. Há algo de simbólico — quase de destino — nessa coincidência: o craque e o clube reencontram-se quando ambos precisam desesperadamente de redenção. Na prática, um depende do outro.
O Santos joga a sobrevivência na Série A. Neymar joga a sobrevivência de sua própria relevância. Se não jogar agora, talvez não jogue nunca mais pelo clube que o revelou. Porque o risco de rebaixamento é real, palpável, angustiante — e ninguém, muito menos o seu poderoso staff, aceitaria a cena de um Neymar condenado a disputar uma Série B. Seria um peso de humilhação incompatível com o ego e a trajetória de quem ainda se vê, e quer ser visto, como parte da elite.

O Neymar de hoje está longe de ser o jogador exuberante, indomável e inquestionavelmente genial que encantou o mundo. Entre lesões e escolhas mal explicadas, transformou-se num personagem melancólico do próprio talento. Ainda assim, continua sendo imprescindível. Ao Santos, pela óbvia carência técnica e simbólica; a si mesmo, pela necessidade urgente de provar que ainda pode.
Retorno do ídolo Neymar
E é por isso que este é o momento da verdade — para ambos. O Santos precisa de Neymar tanto quanto Neymar precisa do Santos. O clube vê no retorno do ídolo a fagulha capaz de reacender a confiança, de transformar o medo em esperança. Já o jogador tem diante de si a oportunidade de reescrever a narrativa de sua carreira, de voltar a ser protagonista não num palco distante, mas no mesmo gramado onde tudo começou.

Neymar voltou a treinar com bola
Nesta terça-feira, o início da transição física, com treinos leves com bola, foi recebido na Vila como sinal de novos tempos. Após uma lesão no músculo reto femoral da coxa direita — tratada desde 18 de setembro —, Neymar deu o primeiro passo de volta ao campo. Ainda é improvável que enfrente o Fortaleza neste sábado, mas o retorno projetado para o jogo contra o Flamengo, dia 9, no Maracanã, parece ter ganhado força.
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E talvez nada fosse mais simbólico: o renascimento de Neymar no maior palco do futebol brasileiro. Um recomeço possível — se houver, antes de tudo, entrega. O Santos precisa lutar por sua sobrevivência, e Neymar precisa lutar por sua história. Porque esta é a última encruzilhada entre um jogador que ainda sonha em disputar a Copa de 2026 e um clube que não pode mais conviver com a sombra do rebaixamento.
Neymar e o Santos estão, mais uma vez, juntos no mesmo campo de provas. A prova dos 9 jogos. Um depende do outro para seguir respirando. O futuro de ambos se mede agora — em nove decisões e numa escolha: reagir ou naufragar para morrer na praia.





