Por Leonardo Sá

Há 65 anos, o mundo não sabia, mas iria surgir nos subúrbios de Buenos Aires um dos maiores futebolistas de todos os tempos. Diego Armando Maradona teve uma infância humilde. Filho de operário, começou a jogar aos 9 anos, quando integrou um pequeno time local chamado “Los Cebollitas”. Mais tarde, aos 15, teve sua primeira chance no profissional, na equipe do Argentinos Juniors. A partir dali, o jovem camisa 10 começou a construir a trajetória que o tornaria o principal ídolo argentino por décadas.

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Entre suas conquistas estão uma Copa do Mundo, dois Campeonatos Italianos, uma Taça da Espanha, a Uefa Cup e o Campeonato Argentino. No total, foram 345 gols e 240 assistências em 680 jogos. Mas não foi apenas em campo que ele deixou sua marca. Com personalidade forte, opiniões firmes e inúmeras polêmicas, o craque também moldou sua imagem fora das quatro linhas.

Maradona teve infância humilde, começou a jogar aos 9 anos no “Los Cebollitas” / Maradona

“La mano de Dios” e Malvinas

Maradona liderou a seleção argentina à conquista do bicampeonato mundial em 1986. O torneio realizado no México teve sua final disputada entre a Albiceleste e a Alemanha Ocidental, terminando com o triunfo dos hermanos por 3 a 2. A competição foi marcada por uma atuação histórica do camisa 10, que marcou cinco gols — dois deles nas quartas de final, diante da Inglaterra.

Na Copa de 86, Maradona, diante dos ingleses, fez um gol de mão que marcou sua carreira: “La mano de Dios” / FIFA

Normalmente, em uma competição desse nível, o jogo que fica marcado é a grande final, quando as melhores seleções se enfrentam. Mas, naquela edição, foi a partida contra os britânicos que ficou na memória dos ingleses e, principalmente, dos argentinos. A relevância do confronto não se limitou ao espetáculo técnico de Maradona: carregava também o peso da geopolítica e das tensões deixadas pela Guerra das Malvinas, quatro anos antes.

O conflito, chamado de Falklands War pelos britânicos, deixou 649 soldados argentinos e três civis mortos entre abril e junho de 1982. O sentimento dentro da seleção argentina era de enfrentamento, de revanche — como expressou o próprio craque.

Mataram muitos meninos argentinos na guerra. Nos mataram como passarinhos. E esta era uma maneira de recuperar algo das Malvinas. Antes do jogo, a gente despistou, mas nem por um c… este seria apenas mais um jogo.
MARADONA, após a partida

Foi diante desse cenário que as seleções entraram em campo. A partida ficou marcada pela genialidade do camisa 10 e por outro episódio que definiria sua carreira: o gol de mão, conhecido como “La mano de Dios”. Com essa jogada, o argentino abriu o placar das quartas de final. O segundo gol veio logo depois, em uma verdadeira pintura — arrancando do meio de campo, driblando quase todo o time inglês e empurrando a bola para o fundo das redes. Um gol que, anos depois, seria eleito pela Fifa como o gol do século.

O legado 

Incontáveis foram os momentos de glória do ídolo argentino. Desde sua eternização em Nápoles — cidade que respira seu nome e batizou o estádio local em sua homenagem — até sua importância para o futebol nacional. Mesmo com os problemas com álcool e drogas que o afastaram dos gramados em duas ocasiões nos anos 90, o jogador construiu algo raro: um legado que atravessou gerações.

A admiração por Diego era tamanha que o jornalista argentino Hernán Amez criou a Igreja Maradonista / Maradona

Sua influência era tamanha que até uma religião foi fundada em sua homenagem. Em 1998, o jornalista argentino Hernán Amez decidiu transformar a devoção pelo craque em fé. No dia em que Maradona completou 38 anos, ele criou a Igreja Maradonista, exemplo do impacto fora do comum do eterno camisa 10.

Adiós, Dios!

Sua morte, em 2020, noticiada primeiro pelo Clarín, tradicional jornal argentino, abalou todo o país. Hoje, sua trajetória e seu legado permanecem entre todos os amantes do futebol — e entre aqueles que acreditam em um jogo mais humano. Maradona era assim: mostrava todas as suas faces dentro e fora de campo — na raiva, na tristeza, na alegria e na vitória.

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