Fim de temporada, campeonato na reta final e os clubes já voltam suas atenções para o planejamento do ano que vem. Exceção feita a Palmeiras e Flamengo — que novamente coroaram o ano com performances de excelência —, cabe a todos os demais foco total em um projeto de melhoria técnica, esportiva e de gestão. Em especial ao Corinthians, que vai fechar mais um ano sob turbulência e, por ora, sem grandes perspectivas de melhora.

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Sim, há um título paulista no bolso e ainda existe a chance real de levantar a Copa do Brasil, o que seria um feito e tanto. Mas a verdade não se mascara com medalhas: o clube ainda patina em dívidas, vive sob o sufoco do transfer ban e mantém no elenco jogadores caros, pouco utilizados e fora do radar de Dorival Júnior para 2026.

Memphis Depay tem sido muito profissional no Corinthians: clube deve R$ 20 milhões ao atacante holandês / Corinthians

Nesse contexto, torna-se inevitável colocar as luzes em uma incógnita de peso: Memphis Depay fica ou não fica? O presidente Osmar Stábile já admitiu publicamente que não seria contrário a uma ruptura contratual. O clube confessa-se incapaz de arcar com vencimentos, prêmios e bonificações previstos no acordo com o holandês.

Caminha para um distrato?

Hoje, a estratégia é empurrar o problema com a barriga, tentando parcelar dívidas como pode — dívidas que já ultrapassam a casa dos R$ 20 milhões. O Corinthians virou um devedor contumaz, e Memphis sabe disso. Mais do que isso: sente.

Talvez o melhor fosse um distrato. Talvez uma renegociação profunda. O que não pode é continuar assim. O risco é chegar ao ponto em que os dois lados estarão desconfortáveis, inconformados e inoperantes diante da situação. Uma repetição moderna da célebre máxima de Vampeta no Flamengo: “Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo.”

Atacante nunca cobrou em público

A diferença é que Memphis não chegou a esse ponto — pelo contrário. Mesmo diante do calote institucionalizado, ele segue cumprindo sua parte. Treina, joga, compete. Entrega quando tem a bola nos pés e mostra que ainda há combustível para ser protagonista em alto nível. O torcedor percebe. O elenco percebe. Só os números, no extrato bancário, insistem em fingir que está tudo bem.

Memphis Depay: jogador holandês tem contrato com o Corinthians até metade do ano que vem / Corinthians

E aí se desnuda um drama maior: o Corinthians precisa decidir que clube quer ser. Se aquele que usa o marketing para anunciar craques, mas não paga o combinado. Ou o que encara de frente sua crise, honra compromissos e reconstrói credibilidade.

Memphis Depay é um divisor de águas porque escancara tudo isso:
— A falta de planejamento.
— A distância entre ambição e realidade.
— A incapacidade de sustentar o que se promete.

Contrato vai até meio de 2026

Se for embora, não será vilão. Se ficar, será um ato raro de confiança — e talvez de teimosia — em um projeto ainda nebuloso. O certo é que, para 2026, a resposta não pode ser mais um “deixa como está para ver como é que fica”. O Corinthians já fingiu demais. E Memphis já jogou demais para seguir vivendo de promessas.

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