Sem esconder uma boa dose de maldade, muitos adversários do Corinthians já disseram que a melhor maneira de derrotá-lo é lhe dar a bola de presente. A ironia se confirmou na tarde deste domingo, com requintes de crueldade, na derrota por 1 a 0 para o Ceará, na lotada Neo Química Arena.

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Mais uma vez o Corinthians jogou em casa contra um adversário do meio para o fim da tabela — e decepcionou. Teve mais de 70% de posse de bola, mas quase nada produziu. Chutou pouco, criou menos ainda e sofreu com os contra-ataques bem armados do Ceará, que marcou com Galeano e poderia ter feito mais.

Torcida do Corinthians lamenta derrota do time dentro da Neo Química Arena para o Ceará, pelo Brasileirão / Corinthians

O resultado ruim expôs feridas antigas e abriu outras que podem complicar o futuro imediato. Garro levou o terceiro amarelo e está fora do clássico com o São Paulo. E Memphis Depay, substituído no meio do segundo tempo por Gui Negão, saiu de campo irritado, tentando evitar o cumprimento a Dorival Júnior, e ficou no banco com expressão de quem nao gostou, visivelmente incomodado.

Banco que não ajuda

A verdade é que Depay não jogou nada. Mas tampouco foi o único que merecia sair. O time inteiro foi uma sucessão de tentativas inúteis, trocas inócuas e jogadas previsíveis. E Dorival, mais uma vez, comprovou a sina de comandar o único time do mundo que consegue piorar a cada substituição. Não há milagre possível com Gui Negão, Romero e Talles Magno entrando para “mudar o jogo”.

O Corinthians desperdiçou mais pontos contra adversários modestos. Somando as derrapadas recentes — Bragantino, Ceará e outros tropeços contra times da mesma prateleira, nos quais, em teoria, o Timão seria favorito —, poderia hoje estar brigando no G4. Mas, em vez disso, volta a flertar com a zona de rebaixamento.

42 pontos

Com 42 pontos, ninguém pode dizer que o time está tranquilo. O que, convenhamos, é um absurdo para um elenco com folha salarial deste tamanho. O Ceará pareceu muito superior em todos os aspectos. E venceu com organização, entrega e obediência tática. Além disso, a equipe de Condé deu uma aula de contra-ataque. Fez o simples com precisão. O Corinthians, em contrapartida, foi um amontoado desarticulado, um time sem meio-campo e sem equilíbrio. Atacou por impulso, defendeu por instinto e jogou sem alma.

Bandeira do Corinthians durante a derrota do time para o Ceará por 1 a 0: partida ruim do time inteiro / Corinthians

Para não dizer que o desastre foi total, o garoto Dieguinho foi um raro respiro — ousado, confiante, tentando romper pela direita num time que parecia paralisado.

Memphis, Garro e Yuri

De resto, o Corinthians foi o retrato de si mesmo: previsível, cansado e sem ambição. Um time que parece se reunir no dia do jogo apenas para bater um rachão. Vive do acaso de um lampejo de Garro, Depay ou Yuri Alberto — e, quando nenhum deles funciona, sobra a posse de bola vazia, a mais enganosa das estatísticas.

O torcedor, que ainda tenta acreditar, vê um Corinthians sem cara de Corinthians. Se nada mudar profundamente em 2026 — na estrutura, no elenco e na mentalidade —, o roteiro será o mesmo: decepção, frustração e mais um ano jogado na vala comum dos desacertos que se acumulam dentro e fora de campo.

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