PSG e Real Madrid poderiam, tranquilamente, protagonizar a final do primeiro Super Mundial de Clubes da Fifa. Pelo orçamento, pela tradição, pelas estrelas em campo e pela aura de dois gigantes do futebol global. São, talvez, os dois melhores times do mundo hoje. Mas o capricho do sorteio os colocou frente a frente uma rodada antes da decisão — numa final antecipada, disputada na tarde ensolarada desta quarta-feira, no lotado MetLife Stadium, em New Jersey.
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Todo o equilíbrio que se previa para um confronto dessa magnitude, no entanto, se esvaiu em poucos minutos. Com um início avassalador, o Paris Saint-Germain atropelou o Real Madrid e, ainda na metade do primeiro tempo, já vencia por 3 a 0. Sim, você leu certo: 3 a 0 em pouco mais de vinte minutos — desenhando uma das derrotas mais emblemáticas da história recente do clube espanhol, que vinha de uma invencibilidade de 20 jogos em torneios mundiais da Fifa.

Ao final, a goleada de 4 a 0 traduz o que foi o duelo. Num jogo desse tamanho, o erro é imperdoável. E o Real pagou o preço. Logo no primeiro gol, Asencio dominou mal a bola dentro da área e ela acabou nos pés de Fabián Ruiz, que abriu o placar. Pouco depois, Rudiger tentou um drible desnecessário diante de Dembélé, perdeu a bola, e viu o atacante francês invadir a área para fazer 2 a 0. O Real parecia nocauteado. E o PSG, consciente do momento, desfilou talento e autoridade.
PSG deu uma aula
O terceiro gol não demorou. E foi uma aula. Uma lição particular da difícil arte de transitar com a bola do campo de defesa ao ataque. A jogada começou com Hakimi, na lateral-direita, e se desenvolveu como uma coreografia precisa, finalizada mais uma vez por Fabián Ruiz — talvez o personagem mais iluminado da tarde.
O 3 a 0 poderia facilmente ter virado 5 ou 6. A supremacia do PSG foi tão nítida quanto simbólica. Campeão europeu na última temporada, o time francês vem deixando claro, jogo após jogo, que sua obsessão pelo título mundial é sustentada por futebol de altíssimo nível — e não apenas por investimento bilionário.
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Hoje, o PSG é uma máquina de jogar futebol. Todas as engrenagens funcionam em cadeia, com movimentos sincronizados e objetivos claros. Não há arroubos individuais ou estrelismos exagerados. Como numa orquestra, o que importa é o conjunto — e todos os jogadores parecem entender perfeitamente o papel que devem exercer dentro da partitura. Mesmo com tantos craques em campo, não há solistas. O PSG é, hoje, a mais pura essência do que conhecemos por futebol associado: um jogo coletivo, fluido, solidário — em que o talento individual serve ao sistema, e não o contrário.

Muito disso se deve ao maestro: Luís Enrique. Ex-jogador, declarado barcelonista, o treinador espanhol comanda o PSG com a sobriedade de quem conhece profundamente o jogo. Sem invenções, sem táticas rebuscadas. Apenas a simplicidade — e a genialidade — de quem enxerga no futebol a magia do óbvio bem executado.
Baile e humilhação
No segundo tempo, o jogo foi praticamente protocolar. A reversão do placar parecia impossível até para os mais otimistas. Por necessidade, o Real tentou mudar o cenário com alterações ofensivas, lançando-se mais ao ataque. Mas lhe faltou eficiência — e, por vezes, organização. Como consequência, o PSG passou a ter o contra-ataque à disposição e criou várias novas chances de ampliar, diante de uma defesa cada vez mais exposta e desprotegida.
E aos 42 minutos, o baile virou humilhação. Gonçalo Ramos recebeu na marca do pênalti, girou com tranquilidade e chutou no canto, sem chance para Courtois. Na comemoração, sentou-se no gramado e fez gestos com as mãos como quem joga videogame — como quem brinca de futebol no PlayStation. Um gesto debochado, talvez. Mas também um retrato fiel do que foi o jogo: o PSG jogou com tamanha leveza e domínio que parecia mesmo estar se divertindo, enquanto o Real assistia atônito ao fim de uma era.
Final é no domingo
Agora, o PSG enfrenta o Chelsea na final do próximo domingo. Pode até não vencer, porque o futebol também habita o terreno da improbabilidade. Mas se justiça houver no gramado, será coroado. Porque pela exibição contra o Real Madrid, o time francês já se apresenta, com todos os méritos, como o melhor do mundo. De fato — e por direito.