Ataque de estrelismo ou indignação justa? Vaidade pessoal ou insatisfação coletiva? Ciúme de Mbappé ou inconformismo puro e simples? Só o tempo vai explicar as razões que levaram o craque brasileiro Vini Júnior a sair de campo, aos 28 minutos do segundo tempo, espumando de raiva e vociferando contra a decisão do técnico Xabi Alonso — que mais uma vez optou por substituí-lo antes do fim da partida.

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A cena da saída intempestiva de Vini, direto para o vestiário, foi tão teatral que acabou deixando em segundo plano a repercussão da bela e importante vitória do Real Madrid sobre o arquirrival Barcelona por 2 a 1 — um resultado que consolida o time merengue na liderança de LaLiga e pavimenta o caminho para mais um título nacional.

Vini Jr. abraça Mbappé antes de criticar o técnico Xabi Alonso pela sua substituição no segundo tempo / Real Madrid

Mas é preciso compreender o potencial nocivo dessa atitude dentro do grupo e na relação com o treinador. Vini era intocável no tempo em que Carlo Ancelotti comandava o vestiário — e sabia disso. Sob o olhar sereno e paternal do técnico italiano, o brasileiro floresceu como símbolo de uma nova era no Real Madrid. Agora, com Xabi Alonso, o reinado parece menos absoluto. E é aí que entra o desafio: entender onde termina o inconformismo competitivo e onde começa o ego ferido.

Real Madrid e seus galácticos

É normal que todo grande jogador queira ficar os 90 minutos em campo, ainda mais num “El Clásico”. Mas há uma linha tênue entre o desejo legítimo de competir e o desrespeito à hierarquia do time. Quando essa linha é cruzada, o gesto individual, por mais humano que pareça, se transforma em ruído coletivo. O Real Madrid sempre viveu de galácticos — mas também sempre sobreviveu a eles. Nenhum nome, por maior que seja, resistiu ao peso do escudo.

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A diretoria precisa agir rápido para evitar que o episódio contamine o ambiente. O vestiário do Real é historicamente sensível a vaidades — e Florentino Pérez já viu esse filme muitas vezes. O risco agora é de que a insatisfação de Vini se torne um símbolo de algo maior: o desconforto com o protagonismo iminente de Mbappé e a perda de espaço natural que isso gera.

‘Então que me venda’

A imprensa espanhola, sempre pronta para incendiar o debate, já escolheu seu veredito. O jornal Sport, da Catalunha, classificou a reação como “egoísta e desproporcional”, e chegou a afirmar que Vini teria pedido, aos gritos, para ser vendido. É claro que há exagero, mas o fato é que a cena mostrou um jogador em ebulição. E se antes o fogo competitivo fazia dele um herói — ousado, destemido, incontrolável —, agora começa a beirar a soberba.

O que Vini talvez ainda não tenha percebido é que, em clubes como o Real Madrid, a linha entre o ídolo e o incômodo é tão fina quanto o limite entre o aplauso e a vaia. A história ensina: quem se acha maior que o Real, acaba menor do que imagina.

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