No jogo entre o Paris Saint-Germain, atual campeão da Liga dos Campeões e o Real Madrid, vencedor na temporada anterior da competição da Uefa, os franceses protagonizaram um baile, que deixou o time espanhol nanico, tal a diferença de nível entre as duas equipes. Com um jogo de toques rápidos e envolventes, antes dos cinco minutos do primeiro tempo, os franceses já tinham criado duas situações perigosas.

Goleada por 4 a 0

Mas, em um dia de muito calor e umidade na região de Nova York, e de rara infelicidade do sistema defensivo dos espanhóis, os jogadores do PSG deitavam e rolavam com tantos espaços e falhas, que resultaram em gols: 4 a 0.

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“Entramos em campo respeitando o nosso adversário, mas com um plano de jogo que consistia em mantê-los sob pressão para encontrar falhas: deu certo”, disse o zagueiro brasileiro Lucas Beraldo. Do lado dos espanhóis, a estratégia não era mais tentar a reação, mas estancar os danos. “Durante a partida, cheguei a comentar com o Dembélé sobre o ritmo de pressão que nossa equipe estava sofrendo por parte deles”, contou aos jornalistas o goleiro belga Courtois, do time espanhol.

Luís Enrique tem o PSG nas mão: ele diz que o time francês está num momento ótimo de sua história / Robson Morelli

Este estilo de encurralar os adversários para forçá-los a errar é uma das marcas do técnico espanhol Luís Enrique, que comanda o PSG. Seu time tem praticado um futebol ofensivo, mantendo a posse da bola com toques rápidos e letais.

Nosso time não busca apenas vitórias e títulos, mas uma forma atraente de jogar. Foi esta filosofia de jogo que nos permitiu chegar a esta semifinal da Copa do Mundo de Clubes: a chave de uma boa campanha é jogar bem o futebol.
LUÍS ENRIQUE

Dentro do melhor estilo que os holandeses Rinus Michels e Johann Cruyff deixaram impregnado ao jeito de jogar do Barcelona – em que Luís Enrique jogou e comandou como técnico – o PSG é time que ataca e defende em blocos compactos, com intensidade, tentando sufocar os rivais, mesmo assumindo riscos.

Sem os craques do passado

Curiosamente, o atual campeão europeu e francês só conseguiu chegar ao topo depois de deixar de ser um time conhecido por ter estrelas, como o argentino Lionel Messi, o brasileiro Neymar, o uruguaio Luis Suárez e o francês Mbappé. Com eles em campo com a camisa azul e vermelha do clube parisiense, títulos nacionais até vieram, mas quando chegava a Liga dos Campeões, o time fracassava. “Nosso treinador nos cobra o jogo coletivo”, disse o meia Vitinha.

E foi de olho neste estilo de jogo mais eficaz, que contratar Luís Enrique tornou-se uma obsessão para Nasser Al-Khelaifi, o executivo catariano que comanda a gestão do PSG, em nome do fundo de investimentos QSI, de propriedade da família real do Catar. Depois de torrar dezenas de milhões de euros e conquistar apenas títulos na Liga Francesa, o clube decidiu fazer uma oferta e tanto para seduzir o treinador e fazê-lo trocar a sua mansão com cerca de 800 metros quadrados, na ensolarada Gava, nos arredores de Barcelona, por uma vida sob pressão em Paris. Estima-se que ele ganhe 1 milhão de euros mensais.

Fator Luís Enrique

Depois de se mudar para uma casa perto do centro de treinamento do Paris Saint-Germain, em Poissy, a quilômetros do glamour parisiense, em uma região em que a maioria dos jogadores do clube reside, Luís Enrique começou o seu choque de mudança. Desde sua chegada ao clube francês em 2023, o técnico espanhol impôs sua visão, priorizando a construção de uma equipe em detrimento dos indivíduos. Sua abordagem tática rigorosa, ilustrada por escolhas ousadas como o reposicionamento de Dembélé, criou uma equipe equilibrada, disciplinada e letal.

Dembélé é reverenciado por companheiros após marcar um dos gols do PSG na goleada sobre o Real Madrid / PSG

Além dos resultados, foi o espírito de equipe incutido pelo treinador que se destacou. Jogadores, sejam eles veteranos, como o zagueiro e capitão Marquinhos, ou jovens talentos como Désiré Doué ou Senny Mayulu, todos compactuam da ideia de sacrificar o individual enfatizando o posicionamento em campo, a marcação e o desempenho coletivo em detrimento do individual.

Desde sua chegada ao PSG, Luís Enrique impôs um estilo caracterizado pela posse de bola, um estilo que desperta admiração e frustração entre os observadores. Alguns jogadores do PSG, como Dembélé e Bradley Barcola, e até mesmo Désiré Doué, eram percebidos como mais confortáveis ​​em um jogo de ritmo acelerado. No entanto, a preferência tática do treinador pela posse controlada e a gestão metódica da bola procura ser executada com aplicação. Há uma armadilha para que os jogadores rápidos como Dembélé ou Barcola explorem a sua feição.

Dinâmica do PSG

Essa dinâmica permite que o PSG jogue mais verticalmente, aproveitando os buracos deixados pela defesa adversária para se mover rapidamente em direção ao gol. Esse tipo de jogo fica ainda mais eficaz quando o PSG desloca seus dois laterais, o marroquino, Achraf Hakimi, e o português, Nuno Mendes, para atacarem pelas pontas. Marquinhos e os meias Vitinha e Kvaratskhelia são velozes e precisos na circulação da bola. “O nosso time tem calma para controlar a bola e criar os espaços de que precisa”, diz Vitinha.

Como se viu na partida contra o Real Madrid, a filosofia de jogo de Luís Enrique se baseia no controle do ritmo da partida. Em vez de tentar forçar as coisas, os jogadores do PSG movimentam a bola com fluidez e procuram brechas em um bloco defensivo compacto. O objetivo é criar aberturas, romper a organização defensiva e gradualmente mover o jogo para áreas mais favoráveis.

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Esse estilo de jogo pode ser percebido como mais lento e menos espetacular, mas permite que a equipe mantenha o controle e domine o adversário. Também força o adversário a se cansar e redobrar os esforços para manter uma pressão constante. Embora a posse de bola possa parecer entediante às vezes, ela se mostra uma estratégia de domínio e de gerenciamento. Especialmente porque, nesse sistema, a profundidade de jogadores como Dembélé, Barcola ou Doué permite que eles explorem qualquer espaço deixado aberto enquanto o adversário se cansa correndo atrás da bola. O goleada sobre o Real Madrid que o diga. Por Fernando Valeika de Barros, de East Rutherford

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