Poucas pessoas neste planeta compreendem tão bem a essência do Racing como seu treinador, Gustavo Costas. Ele nasceu a algumas centenas de metros do Estádio Juan Domingo Perón, conhecido como El Cilindro, o caldeirão onde o clube argentino manda seus jogos, em Avellaneda. Desde os 4 anos de idade, já torcia pelo time e foi seu mascote em jogos da Copa Libertadores, vencida pelo clube em 1967.
Treze anos depois, Gustavo Costas estreou como jogador, vestindo a camisa listrada de azul e branco, nas cores da Argentina. Reconhecido como um zagueiro raçudo, atuou pelo clube em 337 partidas na década de 1980. Após encerrar sua carreira profissional, foi treinador do seu clube do coração em três oportunidades. Aliás, foi sob o seu comando que o Racing levantou as taças da Sul-Americana e da Recopa.
Diante do desafio de eliminar o Flamengo nesta edição, em joga marcado para quarta-feira, 29 de outubro, Costas decidiu usar a manjada estratégia de incendiar o clima do jogo, como se precisasse no Racing.
Apoio total em Avellaneda
Na antevéspera do jogo decisivo, ele convocou os torcedores para uma manifestação de apoio aos jogadores. Fez isso do hotel onde está concentrado até o campo de treinamento, em Avellaneda. “Quero convidar todos vocês a apoiarem esses jogadores que estão dando a vida por suas cores. Se estivermos unidos, conseguiremos alcançar um sonho que perseguimos há tantos anos”, disse Gustavo Costas no Instagram.
Os torcedores do Racing já estavam prontos para responder. E responderam ao chamado. Mesmo sob o frio de Buenos Aires, com os termômetros mostrando que a temperatura estava em torno de 10°C em Avellaneda, reuniram-se quase cinco mil pessoas, muitas delas vestidas com camisas de listras azul-e-branco, fazendo bastante barulho e com queima de fogos de artifício e batucada em frente ao Estádio Presidente Perón.
Dois gols de diferença
Para conquistar a vaga na final da Libertadores, durante os 90 minutos, os argentinos precisam derrotar o Flamengo por uma diferença de dois gols. Se vencerem por 1 a 0, igualarão o resultado que o time rubro-negro obteve no Maracanã, e o finalista será decidido através de cobranças por pênaltis.
Nem passa pela cabeça do técnico do Racing outro desfecho que não seja o da classificação da sua equipe em casa. “Eles têm um time forte, com um orçamento bem maior do que o nosso. No entanto, estamos mais vivos do que nunca e, em nosso estádio, vamos jogar pelo nosso sonho”, disse Costas. “Vamos atropelá-los, nós os destruiremos, vamos matá-los.”
Racing terá baixas no time
Uma coisa é certa: mesmo com seu elenco dizimado por lesões, o motivado Racing tentará sufocar o Flamengo no El Cilindro. “Mais da metade do nosso time não está 100% fisicamente”, diz Costas. Sem Franco Pardo, um dos lesionados na zaga, a comissão técnica do Racing enfrenta um dilema: se jogar com três zagueiros, o destro Marco Di Césare ou o canhoto Agustín García Basso são as opções.
Dependendo de qual deles atuar, Nazareno Colombo pode se deslocar para a ponta ou ser o líbero entre os três zagueiros. No meio-campo, Santiago Sosa, que fraturou seu maxilar no jogo do Maracanã, está descartado. É o que se imagina.
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Se quiser disputar a final, o Racing também terá o desafio de marcar gols contra o poderoso rival brasileiro. No Maracanã, o raçudo centroavante Adrián “Maravilha” Martínez lutou praticamente sozinho contra os zagueiros adversários, já que os pontas Santiago Solari e Tomás Conechny colaboraram mais na marcação do que na criação de jogadas ofensivas.
Luciano Vietto pode jogar
Uma opção que o técnico do Racing guarda na manga é a escalação do veterano Luciano Vietto, colocando mais um homem no ataque. Em 2023, quando jogava pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita, ele foi um dos responsáveis pela eliminação do Flamengo no Mundial de Clubes, disputado no Marrocos, marcando um dos gols da vitória por 3 a 2. Para o técnico Costas e a fanática torcida do Racing, Vietto é uma esperança.
