O Flamengo sobreviveu a uma noite de tormenta em Avellaneda. No caldeirão do El Cilindro, diante de um Racing inflamado e de uma torcida que transformou o estádio em uma panela de pressão, o time rubro-negro arrancou o empate por 0 a 0 que precisava para avançar — e está, pela quinta vez, em uma final de Copa Libertadores.

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Foi uma classificação conquistada com suor, com nervos à flor da pele e com uma dose generosa de sofrimento — desses que só engrandecem quem resiste. O Flamengo havia feito 1 a 0 no Maracanã e jogava por um empate. Parecia simples no papel. Mas nada é simples na Libertadores, ainda mais quando se trata de jogar em solo argentino.

Zagueiros do Fla comemoram classificação do time para a final da Libertadores após empate com o Racing / Flamengo

Nos primeiros minutos, o Racing tentou atropelar, empurrado pelo ambiente ensurdecedor. Mas o Flamengo, maduro e consciente, soube respirar. Aos poucos, tomou o controle do jogo, e até os 10 minutos do segundo tempo — quando Gonzalo Plata foi expulso num lance em que o árbitro chileno Piero Maza exagerou na dose — o time brasileiro era melhor. Tinha Carrascal insinuante, Luiz Araújo corajoso, Arrascaeta pensante. Teve chances reais, e o goleiro Cambeses precisou trabalhar.

Expulsão mudou tudo

Mas a expulsão mudou tudo. O cartão vermelho a Plata transformou o jogo num teste de resistência. O Flamengo, que antes se impunha, viu-se encurralado. E foi aí que começou outra partida — a do sofrimento, da superação, da camisa pesada. Durante mais de meia hora, o Racing atacou como quem joga pela vida. Cruzamentos, escanteios, bolas alçadas de todos os lados. O estádio virou um turbilhão, cada lance parecia o último. Puro suco de Libertadores.

O time argentino teve a bola, o território e o impulso, mas esbarrou num paredão chamado Rossi. O goleiro rubro-negro viveu uma noite monumental, colecionando defesas de reflexo, voos plásticos e intervenções salvadoras. Quando não era ele, era Léo Pereira — soberano pelo alto, cortando tudo o que vinha.

Rossi faz pelo menos três boas defesas para segurar o Racing no El Cilindro na partida de volta da semifinal / Flamengo

O Flamengo resistia, se arrastava, se defendia com dignidade, com alma e método. Filipe Luís, do banco, reorganizava as linhas e trocava a ousadia pelo pragmatismo que uma semifinal exige. Era o “futebol do resultado” em sua forma mais crua, mas também mais legítima: o futebol de quem sabe sofrer.

Silêncio em Avellaneda no fim

Quando o apito final ecoou em Avellaneda, o silêncio que veio do lado argentino soou quase como uma sinfonia rubro-negra. O Flamengo havia cumprido sua missão — sem espetáculo, mas com grandeza. E se o futebol moderno cobra investimento, estrutura e elenco, o clube da Gávea é o retrato disso: um time que investe milhões, que forma um elenco internacional e que sabe vencer mesmo quando o talento cede lugar à fibra.

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A vaga na quinta final de Libertadores é mais um marco de uma era. O Flamengo se tornou, de vez, protagonista permanente do continente. Já não é o visitante que teme o inferno argentino — é o time que vai ao inferno e volta de cabeça erguida.

No fim, o empate sem gols valeu mais do que a classificação. Valeu por provar que o peso da camisa fala mais alto nas horas de decisões. Tomara que os deuses do futebol reservem o mesmo desfecho para o desafio que o Palmeiras tem pela frente contra a LDU, nesta quinta-feira. Caso reverta uma desvantagem de 3 a 0, Palmeiras e Flamengo fariam a final dos sonhos para o futebol brasileiro.

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