Por Paulo Vinícius Coelho, o PVC
A rodada 32 do Campeonato Brasileiro elevou a média de público a 26.161 pagantes por partida. Não se computam os espectadores totais, ou o Flamengo elevaria este índice ainda mais. Foram 65 mil pagando ingressos contra o Santos, no Maracanã: 69 mil ao todo. Como sempre se contabilizou a média de pagadores, contam-se 26.161 e, mesmo assim, é a segunda melhor afluência de torcedores aos estádios da história do Brasil.
Há dois anos, no registro do recorde, o Brasileirão bateu em 15% o índice mais alto de todos. Em 1983, foram 22.953. Quarenta anos depois, 26.502. Portanto, faltam 341 torcedores por jogo para o campeonato de 2025 bater o recorde. Mais impressionante é que 2024 está em terceiro lugar nesta lista. Ou seja, os três últimos Campeonatos Brasileiros têm as melhores médias de público de todos os tempos:
2023 – 26.502
2024 – 25.773
2025 – 26.161

E, no entanto, a percepção geral é de que o futebol se elitizou no Brasil, que as camadas sociais mais pobres não têm condição de entrar nas arenas modernas. Não é que não houvesse mais espaço para os mais humildes no passado, mas há ponderações a fazer sobre isso. Diz-se que a geral do Maracanã era o espaço mais democrático. Era. Por aproximadamente R$ 5 em dinheiro de hoje, um torcedor podia entrar no maior estádio do planeta para assistir a uma partida de futebol. Mas não estava lá ou a média de público revelaria mais gente nos estádios antigos.
Maraca já recebeu o Fla para 5 mil
A história registra 32 jogos do Flamengo no Maracanã com menos de 5 mil espectadores, entre 1973 e 2006. O recorde negativo é de 1989: 869 torcedores contra o Grêmio. Mas, no milagre econômico, 1972, só 3.479 pagaram o bilhete para Flamengo 3 x 2 América-RJ, clássico da época, gol de Zico no Maracanã. O ingresso estava lá, baratinho.
Outro dado é a noção de que os ingressos subiam de preço quando chegavam as fases mais agudas. Em 1983, o Flamengo registrou o maior número de ingressos vendidos para um jogo de Brasileirão: 155 mil contra o Santos, na finalíssima. A presença custava 31% mais caro do que nas semifinais contra o Athletico Paranaense. Contra o Tiradentes, na fase de classificação, com preços populares, havia 6.864 espectadores para assistir ao time de Zico.

Há dez anos, num programa de TV, um colega costumava dizer: “O negão sem dente não está mais no Maracanã.” Ao que eu respondia: “A gente quer que esse cara vá ao dentista, tenha saúde, bons dentes.” O brasileiro médio ganha mais dinheiro do que ganhava em 1983, quando a inflação era de 211%.
Ingresso no Allianz: R$ 37,50
O programa de sócio-torcedor do Palmeiras, diferentemente do Flamengo, premia quem vai a todos os jogos. Quem frequentar o gol norte e pagar o plano Ouro, de R$ 149,99 por mês, terá 100% de desconto no preço de face do ingresso se estiver presente a 80% das partidas.
Com quatro jogos por mês no Allianz Parque, paga-se o equivalente a R$ 37,50 por bilhete. É o que explica por que o número de torcedores nos estádios só cresce enquanto se fala em elitização do público. É óbvio que há como crescer mais. Também é clara a necessidade de ter todas as camadas sociais presentes nas arquibancadas. Mas é necessário olhar para o número real, o do presente e o do passado.
SIGA THE FOOTBALL
Facebook
Instagram
Linkedin
Threads
Tik Tok
Se o preço baixo fosse o grande diferencial para levar os mais humildes ao futebol, o Maracanã viveria cheio na década de 1970. E não vivia. Se o valor fosse alto demais no presente, não haveria índices crescentes de público. O futebol ainda é um ambiente democrático, pode ser mais, mas o público sobe porque há gente interessada no espetáculo.





