O Campeonato Brasileiro sempre reserva espaço para uma surpresa, mas poucas vezes ela foi tão consistente quanto a que o Mirassol oferece em sua temporada de estreia na elite. Antes da bola rolar, os prognósticos eram duros: um clube de cidade pequena, com pouco mais de 60 mil habitantes, orçamento modesto e sem tradição entre os gigantes nacionais. Forte candidato ao rebaixamento, diziam. A realidade, porém, está sendo escrita em outro tom.
Com apenas duas derrotas nos 13 primeiros jogos, vitórias emblemáticas contra equipes de peso e um futebol corajoso, o Leão do interior paulista se consolidou entre os seis primeiros colocados após 20 rodadas, somando 35 pontos e um aproveitamento de 58%. A goleada por 5 a 1 sobre o Bahia, quarto colocado, não foi apenas o maior revés da carreira de Rogério Ceni como técnico: foi também a prova de que o Mirassol já não é surpresa, mas padrão de competitividade.

De onde vem essa força? Parte da resposta está no banco de reservas. Rafael Guanaes, de 44 anos, que começou cedo no interior paulista, rodou por clubes médios, acumulou experiência em bases fortes como a do Athletico-PR e viveu passagens por Sampaio Corrêa, Tombense, Novorizontino e Operário-PR, chegou ao Mirassol em março e rapidamente deu identidade ao time. Seu discurso é realista: “Passamos dificuldade em todos os jogos. Mas temos conseguido performar bem e ter bons resultados”. O pragmatismo se reflete em campo: um elenco que mescla atletas experientes com jovens dispostos a provar seu valor, que joga sem medo, mas com organização.
Paulinho na gestão do clube
Outro pilar é a gestão. Sob o comando de Juninho Antunes e do ex-corintiano Paulinho, o clube não multiplicou dinheiro — multiplicou eficiência. Receitas modestas foram aplicadas em estrutura, em profissionais e em processos. Nada de gastos irresponsáveis, nada de soluções mágicas. Um modelo que mostra como o futebol brasileiro ainda pode surpreender quando escolhe o caminho da organização em vez da improvisação.
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O primeiro objetivo segue sendo o da sobrevivência: 45 pontos. Mas a essa altura, é legítimo que o torcedor sonhe com mais. Sul-Americana? Libertadores? Por que não? A campanha deixa claro que o Mirassol não é acidente de percurso. É fruto de trabalho, de coragem e de uma ideia clara de onde quer chegar. No enredo do Brasileirão, onde os orçamentos mais gordos quase sempre escrevem o final, o Mirassol surge como personagem improvável que não aceita ser figurante. E talvez esteja apenas começando a escrever sua própria epopeia.