A cada novo capítulo da volta de Neymar ao Santos, a sensação de que estamos assistindo a um ocaso precoce se torna mais dolorosa. A terceira lesão muscular em tão curto período desde seu retorno não é apenas um contratempo: é um sinal evidente de que o corpo do craque, após tantas pausas longas, cirurgias e tratamentos, já não responde mais com a vitalidade que um atleta de ponta precisa para se manter no mais alto nível. O músculo que agora o afasta — o reto femoral, motor do chute — simboliza com crueldade a gravidade da situação: Neymar já não consegue sequer sustentar com regularidade o gesto técnico que o consagrou como um dos maiores talentos da história recente do futebol.
É inevitável o lamento. Neymar, peça central na esperança de Carlo Ancelotti para a Copa do Mundo e maior trunfo do Santos para se livrar de mais um drama de rebaixamento, hoje está aquém das exigências físicas e clínicas que se cobram de quem carrega tamanha responsabilidade. A cada afastamento, a pergunta se repete: até que ponto Neymar ainda terá forças — físicas, mentais e competitivas — para reencontrar os padrões de excelência que o tornaram um jogador extraclasse?

Muitos já não acreditam mais nessa possibilidade. É verdade que Neymar, ao longo da carreira, foi alvo de críticas pela forma como lidou com o corpo, por vezes negligenciando conselhos médicos, treinos e disciplina fora de campo. Mas há uma distância entre apontar erros e torcer contra. O que estamos vendo não é motivo de celebração para críticos e detratores, mas um momento triste para o futebol brasileiro. Estamos diante de um craque sem substituto à altura, nem no Santos nem na seleção.
Ancelotti deixou claro o que espera dele
Carlo Ancelotti já foi direto: Neymar não será convocado apenas pelo nome ou pela memória. O Brasil precisa dele inteiro, no mínimo fisicamente, para poder sonhar em tê-lo como protagonista em 2026. E o Santos, mergulhado em suas próprias lutas, precisa dele para seguir respirando. Portanto, o problema é que talvez não baste mais o talento que sobra. O corpo de Neymar está em conflito com a sua genialidade. E nesse duelo ingrato, quem perde não é apenas o jogador, mas todos nós que ainda gostaríamos de vê-lo brilhar de novo.





