A Coreia do Sul é o adversário dos sonhos de qualquer treinador. Inclusive de Carlo Ancelotti. Antiga freguesa do Brasil, a equipe asiática reapareceu no caminho da seleção nesta sexta-feira, em Seul, para cumprir um papel que, no fundo, já conhece de cor: servir de laboratório para os nossos lampejos de otimismo. O Brasil goleou por 5 a 0 e, como de costume, o placar bastou para muita gente decretar que o hexa está no horizonte — de preferência, sem escalas.

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Mas é bom ter cuidado com os delírios de véspera. A Coreia do Sul é o tipo de rival que faz qualquer time parecer pronto demais. A diferença técnica é tão abissal que, em certos momentos, o amistoso se confundiu com um treino de luxo — um coletivo entre titulares e reservas, só que com transmissão global e hino tocando antes de a bola rolar.

Rodrygo (2), Estêvão (2) e Vinícius Júnior marcaram os gols na goleada por 5 a 0 sobre a Coreia do Sul, em Seul / CBF

Feita essa ressalva, é justo reconhecer: o jogo entregou tudo o que Ancelotti havia pedido. O Brasil jogou como ele gosta, com controle, intensidade e, sobretudo, comprometimento — essa palavrinha mágica que o italiano vem repetindo desde o primeiro dia no cargo. E quando o grupo joga com esse grau de envolvimento, a qualidade naturalmente transborda.

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Foi o que aconteceu em Seul. Ancelotti olhou para o campo e viu um retrato fiel do que tenta construir. Rodrygo e Vinícius Júnior, seus velhos conhecidos de Madri, jogaram com a naturalidade de quem já se entende por telepatia. Estêvão, a joia em lapidação, completou o trio com uma maturidade que impressiona até os mais céticos. Dois gols de Rodrygo, dois de Estêvão, um de Vini — e uma exibição que, por alguns instantes, deu a sensação de que tudo está resolvido. Não está.

Para o treinador Carlos Ancelotti, a equipe em um todo foi muito bem, com e sem a bola / CBF

No caminho certo

Mas Ancelotti tem o direito de saborear o momento. A seleção está em processo de reconstrução, e a vitória por 5 a 0 — a mais elástica de sua gestão — não é um ponto de chegada, mas um indicativo de rumo. O treinador parece, enfim, encontrar o equilíbrio entre disciplina e liberdade, entre estrutura tática e talento individual.

Foi um jogo completo da equipe. Jogamos muito bem, com e sem a bola. O comprometimento foi muito bom, e quando o time entra com esse compromisso, a qualidade aparece,
Carlo Ancelotti

Ainda é cedo para falar em time titular, mas a atuação do trio ofensivo deve provocar algumas insônias no elenco. Estêvão, Rodrygo e Vini Júnior deixaram a sensação de que o futuro pode estar mais perto do que parece. E, no futebol, nada é mais perigoso do que um garoto que joga sem medo — especialmente quando o técnico do outro lado sorri em silêncio, vendo o que plantou florescer. O Brasil pode não estar pronto. Mas Ancelotti, sim, está cada vez mais no controle. Na terça-feira, o time enfrenta o Japão.

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