Em quase todas as coletivas após uma das raras derrotas de seu brilhante ciclo no comando do Palmeiras, Abel Ferreira segue por um caminho de mão dupla. Quando se sente provocado, parte para o contra-ataque, questiona o valor das perguntas e, às vezes, cria um clima de confronto. Quando se sente incompreendido, relembra a trajetória vitoriosa e avisa: nenhum time do mundo ganha sempre.

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Ele tem razão. Mas o problema é que, hoje, o torcedor do Palmeiras já não aceita com naturalidade a imprevisibilidade do futebol. Quer vencer sempre. Ou melhor — já desaprendeu a perder. Culpa do próprio Abel, que transformou o Palmeiras em uma máquina competitiva, talvez o clube mais dominante da era moderna no continente.

Abel Ferreira terá uma enorme missão para reverter o placar em São Paulo após a derrota por 3 a 0 em Quito / Palmeiras

É dentro desse cenário de inconformismo que a derrota por 3 a 0 para a LDU, em Quito, na semifinal da Libertadores, caiu atravessada na garganta do torcedor. De repente, a busca por culpados virou inevitável — e muitos apontaram para o próprio técnico, alegando erros de escalação, substituições questionáveis e um plano de jogo tímido diante da altitude.

Mas culpar Abel é um erro

Mais do que injusto, é contraproducente. Nada mais nocivo ao Palmeiras do que minar a confiança de quem, por cinco anos, construiu uma mentalidade vencedora, capaz de transformar derrotas em combustível. O momento não pede julgamento — pede união.

Abel é um homem sensível, e já demonstrou sentir o golpe da ingratidão quando foi chamado de “burro” nas recentes derrotas para o Corinthians. Ele não merece isso. Muito menos agora, quando o Palmeiras precisa de todas as forças voltadas para o mesmo propósito: acreditar na reação. Porque se há um técnico capaz de virar o improvável, é Abel. Ele já mostrou, mais de uma vez, que tem um plano — mesmo quando ninguém mais acredita. Cabe ao torcedor, portanto, colocar o coração no bico da chuteira, como o próprio treinador costuma dizer, e empurrar o time para mais uma virada histórica.

Abel após a derrota para a LDU: ‘ 90 minutos no Allianz Parque é muito tempo, vamos buscar essa virada’ / Palmeiras

E se ela não vier, paciência: ainda haverá o Brasileirão, outro título ao alcance de um elenco que não sabe desistir. Mas se vier — se o Palmeiras conseguir reverter os 3 a 0 e alcançar a final —, então o caminho para o tetracampeonato da Libertadores estará aberto. Quem duvida de Abel ainda não entendeu o que é o Palmeiras. Quem acredita, sabe: ele sempre tem um plano.

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