“O Palmeiras é o time da virada, é o time do amor.” O velho canto que ecoa das arquibancadas do Allianz Parque nunca soou tão verdadeiro quanto nesta noite histórica. O que o torcedor viveu foi mais que um jogo — foi um capítulo épico do futebol sul-americano. Diante da LDU, depois de uma derrota por 3 a 0 em Quito, o Palmeiras escreveu uma das maiores reviravoltas da história da Libertadores: venceu por 4 a 0 e carimbou vaga em mais uma final continental.
E se o Palmeiras é o time da virada e do amor, também é — e sobretudo — o time do mágico Abel Ferreira, o maior treinador da história do clube e um dos melhores do mundo neste recorte de cinco anos de trabalho. Quando terminou o jogo no Equador, o português resumiu a esperança de um milagre em uma única frase: “Noventa minutos no Allianz Parque é muito tempo para o Palmeiras.” E ele estava certo.

Foram noventa minutos de intensidade, alma e convicção. O Palmeiras entrou em campo com a mente blindada e o coração aceso. Fez valer sua força mental, marca registrada de uma equipe moldada no limite entre a razão e a paixão. A virada não foi um acaso, foi um projeto — planejado, ensaiado e executado com perfeição.
Noite mágica e de trabalho
Abel prometeu uma noite mágica e tirou da cartola a fórmula para reverter o impossível. Escalou um time ousado, com três zagueiros e sete jogadores vocacionados ao ataque. E apostou alto num garoto: Allan, aberto pela direita, ocupando o espaço que até pouco tempo era de Estêvão. O menino jogou como gente grande. Deu o passe para o primeiro gol, marcado de cabeça por Sosa, e sofreu o pênalti que originou o quarto, convertido por Raphael Veiga aos 35 minutos do segundo tempo.

Veiga, aliás, foi outro símbolo dessa virada. Um jogador acostumado a noites grandes de Libertadores, que esperou o momento certo para reassumir o papel de protagonista. Antes do pênalti, já havia marcado o terceiro gol, numa jogada de contra-ataque rápida e precisa, ao lado de Vitor Roque.
Que torcida!
Mas nenhuma dessas façanhas seria possível sem a força que vem das arquibancadas. O torcedor palmeirense lotou o Allianz, empurrou o time do primeiro ao último minuto e fez parte ativa da virada. A LDU, acuada, acreditou que poderia segurar o resultado se fechando atrás da linha da bola. Foi o erro fatal diante de um time que não se contenta com o possível, que busca sempre o além — um time insaciável, impagável, feito para vencer.
No fim, o Allianz explodiu. E Abel, mais uma vez, foi erguido ao panteão dos heróis eternos do clube. O português transformou o Palmeiras em um gigante moderno, competitivo e emocionalmente inquebrável. Fez o torcedor acreditar no improvável e transformou o impossível em rotina. Sim, o palmeirense já deve uma estátua a Abel Ferreira. O maior treinador da história do clube. O homem que fez da virada uma arte e do amor uma forma de jogar futebol.






https://shorturl.fm/4m7Xo