A contratação de Thiago Silva pelo Porto desafia a lógica convencional do mercado europeu. Aos 41 anos, o zagueiro brasileiro retorna ao Estádio do Dragão não apenas como um reforço, mas como uma peça estratégica de um quebra-cabeça montado pelo técnico italiano Francesco Farioli. Mas há uma pergunta que paira para muita gente: por que um time europeu, de destaque local e relativo sucesso continental, investiria em um atleta nesta fase da carreira? A resposta está em três pilares: liderança, desempenho e identidade.
O contexto dos Dragões neste finalzinho de 2025 ajuda a contar essa história. Desde a chegada do italiano Farioli, após a Copa do Mundo de Clubes no meio do ano, o Porto se tornou um time de transição rápida e defesa sólida. Assim, a contratação de Thiago Silva não é apenas aquela de “oportunidade”, mas para ser a cereja do bolo de um sistema defensivo que já é o menos vazado de Portugal, e que se prepara para a fase final da Liga Europa e também para confirmar o título nacional que lhe escapa há três temporadas.

Do lado do jogador, a temporada com a camisa do Fluminense o credenciou a ser esse cara aos olhos do Porto. Ele disputou 46 partidas, sendo 45 como titular. Obteve 91% de acerto nos passes – atributo fundamental para o esquema de saída de bola de Farioli no time –, e 64% de eficiência nos duelos diretos. Para completar, ainda fez quatro gols e levou apenas três cartões amarelos. Há ainda um fator bastante relevante: sua chegada a “custo zero” representa um risco financeiro mínimo para um ganho técnico imediato. O contrato é válido apenas até o fim da temporada europeia, em junho de 2026.
Experiência comprovada
O Porto é hoje uma equipe jovem e promissora na Europa, com uma média de idade de apenas 25,4 anos. Talentos como Samu Aghehowa (21) e Martim Fernandes (19) brilham, mas em momentos de oscilação ou tensão, como a fase decisiva da Liga Europa, a ausência de uma voz mais experiente pesou. Thiago Silva chega para ser o mentor direto de uma defesa que, embora sólida, carece da “malícia” e da leitura de jogo que só o tempo de voo em ligas de alto nível proporciona. Para Farioli, ter um capitão que é apenas cinco anos mais novo que ele próprio significa o clássico “ter um treinador dentro de campo”.
Zagueiros do Porto
• Jan Bednarek (29 anos): polonês contratado junto ao Southampton; tem sido o pilar de consistência.
• Jakub Kiwior (25 anos): também polonês, chegou por empréstimo do Arsenal para dar qualidade à saída de bola.
• Nehuén Pérez (25 anos): argentino que oferece agressividade e velocidade. Está fora de combate após sofrer uma ruptura total do tendão de Aquiles sofrida em julho.
• Dominik Prpić (21 anos): jovem promessa croata.
• Gabriel Brás (21 anos): cria da base que costuma integrar o elenco principal para ganhar rodagem.
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A título de especulação, o provável 11 do Porto com a chegada do brasileiro deve ser: Diogo Costa; Martim Fernandes, Thiago Silva, Jan Bednarek e Francisco Moura; Alan Varela, Nico González e Rodrigo Mora; Fábio Vieira, Galeno e Samu Aghehowa.

Há também o fator mental em tudo isso. Em 2004, um jovem Thiago Silva chegou ao Porto B e viu sua carreira quase ser interrompida por uma tuberculose grave. Vinte anos depois, retorna como um jogador de nível mundial para buscar a glória que a doença lhe negou no passado. Ele nunca chegou a estrear pela equipe principal dos Dragões. “É o fechar de um ciclo”, destacou o clube no anúncio oficial.
Além disso, a mudança para Portugal aproxima Thiago de sua família, radicada em Londres, e o mantém firme no radar de Carlo Ancelotti para a seleção brasileira para a Copa de 2026.





