O Corinthians celebrou nesta semana um marco simbólico: o primeiro aniversário da chegada de Memphis Depay. Clube e jogador trocaram elogios nas redes sociais, como se o ano turbulento tivesse ficado para trás e hoje a relação estivesse consolidada como um bom negócio para os dois lados. É a versão oficial, aquela que se vende para a torcida. Mas o balanço deste primeiro ciclo é mais complexo e revela contradições.
Apresentado no dia 12 de setembro de 2024, de terno e gravata, num gesto incomum ao futebol brasileiro, Memphis parecia encarnar uma nova vida em um novo país. Chegava cercado de expectativas, com contrato milionário, regalias de estrela global e a promessa de ser o diferencial de um Corinthians que se arrastava em crise. A aposta era alta – e continua sendo.

Do ponto de vista esportivo, Depay entregou o suficiente para justificar o investimento, ainda que aquém do imaginado. Foram 52 jogos, 15 gols e 14 assistências, além do título do Campeonato Paulista conquistado contra o Palmeiras. Mais do que isso, foi ele o fio condutor da impressionante recuperação do time nas dez rodadas finais do Brasileirão passado, sob comando da família Díaz, quando o Corinthians venceu nove seguidas e se salvou do abismo da Série B. Sem Memphis, talvez o clube não tivesse escapado. Essa é a dimensão de sua importância.
Seu contrato extrapola qualquer patamar
Mas nem tudo é celebração. O contrato de Depay segue sendo alvo de críticas, com cifras e benefícios que extrapolam qualquer patamar praticado no Brasil. É um acordo de exceção que, inevitavelmente, expõe a desigualdade financeira do elenco. Houve também as duas lesões musculares recentes, que o tiraram de jogos decisivos e deixaram claro que o clube depende demais de sua presença. Memphis é solução e problema ao mesmo tempo: resolve quando joga, compromete quando falta.
O que Memphis disse nas redes
Nas redes sociais, o próprio jogador marcou o aniversário com uma reflexão que combina fé, motivação e desafio. “Hoje faz um ano desde que me mudei para o Brasil. Quando disse que vim com fé e propósito, muitas pessoas questionaram o que significava. Um ano depois, só posso dizer que o tempo dirá”, escreveu. Disse ainda que nunca duvidou de sua escolha, chamou o Corinthians de “clube maravilhoso” e prometeu: “Um ano no Corinthians, e ainda não terminamos”.

O fato é que Memphis Depay se reencontrou no Brasil. Seu desempenho lhe rendeu a volta à seleção da Holanda e, recentemente, o posto de maior artilheiro da história da equipe nacional, superando ícones como Cruyff, Van Basten, Robben, Gullit e Van Persie. Um feito que por si só amplia o peso de sua passagem pelo Corinthians: não se trata apenas de um gringo de currículo vistoso, mas de um personagem histórico do futebol europeu que escolheu vestir o preto e branco.
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O balanço, portanto, é de um casamento que sobreviveu a crises, desconfianças e turbulências, mas que ainda tem muito a provar. O Corinthians precisa de Memphis, talvez mais do que Memphis precise do Corinthians. É essa dependência que escancara tanto a fragilidade quanto a grandeza desse primeiro ano de união.





