O dérbi deste domingo na Neo Química Arena terminou em empate, mas a sensação que ficou foi de mais um jogo em que o Corinthians precisou se agarrar ao espírito competitivo para equilibrar, à sua maneira, uma partida em que esteve em desvantagem no plano físico, técnico e tático. O 1 a 1 com o Palmeiras, diante de mais de 45 mil torcedores, expôs novamente as limitações de um elenco desequilibrado e reforçou a distância que hoje separa os rivais em termos de estrutura e consistência.
Na maior parte do jogo, especialmente no primeiro tempo, o Palmeiras foi quem se apresentou melhor distribuído em campo, com maior volume de jogo e mais chances de gol. A estratégia de marcar alto, adiantando a pressão sobre a saída de bola corintiana, revelou o problema crônico da equipe de Dorival Júnior: a dificuldade em achar caminhos desde a defesa. Sem Matheuzinho e Matheus Bidu, peças-chave no desenho de transição, o treinador teve de improvisar com Charles na direita e escalar Angileri na esquerda, soluções que fragilizaram ainda mais a primeira fase da posse. Não por acaso, o lance do pênalti convertido por Vitor Roque, aos 13 minutos, nasceu de um erro forçado pela marcação palmeirense.

O empate corintiano veio de forma fortuita, num lance de bola parada em que Garro levantou para Gustavo Henrique disputar pelo alto e a bola acabou entrando após desvio de Piquerez. Foi uma resposta mais na base da insistência e da superação do que propriamente da construção planejada. Aliás, esse tem sido o retrato dos últimos dérbis: o Palmeiras joga melhor, mas o Corinthians compensa com entrega e rivalidade.
Memphis fez pouco
Ainda assim, a análise fria mostra que o time de Dorival demorou a se encontrar, como em outras partidas em que sofre gols muito cedo e precisa correr atrás. Faltou peso ofensivo: Memphis participou pouco, Garro esteve bem marcado, e Gui Negão teve de recuar mais para ajudar na marcação do que para criar. Maycon e Breno Bidon são muito deficientes na marcação e perderam quase todos os duelos de mano a mano no meio-campo. Apenas Raniele se impôs no jogo físico, já que o Palmeiras levou vantagem em quase todas as disputas, pelo alto e pelo chão.
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A fotografia que se tira é a de um Corinthians competitivo, mas ainda longe de ser confiável. São cinco jogos seguidos sem vencer em casa, o que é muito preocupante. Num passado recente, o Corinthians costumava se impor em casa jogando ao lado da Fiel. E enquanto Dorival busca dar forma a um plano tático que se desenha num 4-3-1-2 adaptável. As ausências sucessivas e a dependência da base expõem o tamanho da distância entre o projeto corintiano e o patamar em que o Palmeiras já se encontra. O empate foi celebrado pela arquibancada, mas, no fundo, deixou à mostra as mesmas fragilidades que mantêm o Corinthians mais próximo de sobreviver do que de competir em alto nível.