Foi a vitória de dois heróis improváveis. Quando todo mundo esperava que Memphis Depay, Garro ou Yuri Alberto resolvessem o jogo, quem conduziu o Corinthians a um triunfo dramático na tarde deste sábado, em Salvador, foram dois personagens de pouco brilho no elenco. O volante Charles, reserva habitual, marcou o gol da vitória por 1 a 0 aos 42 minutos do segundo tempo, quando o time já jogava com um a menos — Breno Bidon havia sido expulso pouco antes. E no minuto seguinte, o jovem goleiro Felipe Longo operou um milagre: defendeu com o pé, em cima da linha, uma cabeçada à queima-roupa que parecia decretar o empate do Vitória.
A conjunção desses dois lances — o gol de um operário e a defesa de um novato — construiu uma vitória que caiu do céu. E mais: pela primeira vez sob o comando de Dorival Júnior, o Corinthians engatou duas vitórias seguidas, algo que parecia inalcançável diante da instabilidade recente.

O resultado vale muito mais do que três pontos. Recoloca o time em movimento, resgata confiança e acende na torcida a esperança de ver repetida a epopeia do ano passado, quando o Corinthians, ameaçado pelo rebaixamento, reagiu com uma sequência heroica de nove vitórias e ainda arrancou vaga na pré-Libertadores.
Joga mal, mas ganha
Foi, sem dúvida, uma vitória com a cara do Corinthians — um clube que historicamente se alimenta das dificuldades. O time jogou mal, foi dominado pelo Vitória em boa parte do jogo e parecia fadado a mais uma frustração. Mas o destino, que tantas vezes se veste de preto e branco, impôs sua vontade. E fez o Corinthians, de novo, vencer como quem desafia a lógica: na base da superação, da fé e da velha mística de que, quando tudo parece perdido, é aí que o Timão renasce.





