Na tarde deste sábado, a Vila Belmiro assistiu mais um capítulo de um enredo que se assemelha a filme de terror para o Santos: o time empatou em casa, diante de adversário direto na luta contra o rebaixamento, e adiou a fagulha da salvação. Num duelo que valia mais do que uma simples vitória — diante do Fortaleza, vizinho imediato na margem perigosa da tabela —, o empate por 1 a 1 saiu como golpe silencioso.

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Para Juan Pablo Vojvoda, que dirigiu o Peixe pela 10.ª vez e acumulava até então duas vitórias, seis empates e duas derrotas — um aproveitamento que ronda os 40% —, os sinais de alerta soam alto. O plano de tirar o clube da beira do rebaixamento simplesmente não comporta esse ritmo de pontuação. Nem a volta de Neymar diminui essa preocupação.

Vojvoda é bom treinador, mas demora para achar uma formação ideal para o Santos com e sem Neymar / Santos

Vojvoda não escondeu o desconforto, ainda que mantivesse a crença. Quando questionado sobre a escolha de relacionar o Neymar — recém-recuperado —, ele explicou.

A decisão de relacioná-lo foi discutida com ele. Recebi o feedback de que ele queria jogar e ajudar o time.
VOJVODA

E sobre os riscos do gramado sintético do próximo jogo, contra o Palmeiras, ele arrematou:
“Agora, temos um jogo muito difícil fora de casa. Vamos nos preparar, jogo a jogo, mantendo foco e força.” Essas falas traduzem perfeitamente a ambivalência do momento: por um lado, a consciência de que o plano é urgente. Por outro, a convicção de que ainda há trajetória e escolhas. Ele admite a gravidade — que o cenário exige resposta imediata —, mas insiste que “o trabalho continua”.

O precipício se aproxima

O ambiente, porém, impede romantismos. Em casa, contra um rival que briga exatamente pelo mesmo destino incerto, o empate não pode ser celebrado. A cada ponto deixado para trás, o precipício se aproxima. E o treinador, embora evite o tom alarmista, soa desconfortável diante das perguntas que cutucam essa ferida. Ele se vê em um clube de tradição que “tem de olhar para cima sem perder a realidade de onde estamos” e está tentando fazer isso agora num momento em que “estar onde estamos” significa estar à beira da porta de entrada da Série B.

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Diante desse empate que, no fim das contas, ora serviu para manter o Fortaleza abaixo (um pequeno alívio), ora para renovar o sentimento de decepção, Vojvoda já sinalizou o que espera: mais eficiência. Ele segue pedindo: “Manter foco e força”. Porém, no fundo, sabe que não basta só “jogo a jogo”: falta converter domínio em gol, apresentar solidez, evitar falhas mínimas. A voz dele deixou isso claro.

Vojvoda não joga a toalha

Mas falar que “não jogo a toalha” não basta se o time seguir colecionando empates em confrontos decisivos. O calendário é cruel. Nos próximos quatro jogos (Palmeiras no Allianz Parque, depois Flamengo, Palmeiras de novo e Mirassol), o Santos não é favorito em nenhum deles, e com risco real de ficar à beira do precipício.

O fato é que o Santos vive a aflição desse contraste entre o reconhecimento dos erros, a manutenção da crença e a urgência por resultados. E Vojvoda está ali, firme, trabalhador, competente — não merece esse calvário. Mas o futebol não repete merecimentos. A fala dele, serena mas de alarme ligado, deixa claro: o relógio está correndo rápido demais.

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