Faz muito bem a presidente Leila Pereira ao vir a público, menos de 48 horas depois da dolorida eliminação do Palmeiras para o arquirrival Corinthians na Copa do Brasil, manifestar — sem rodeios ou dúvidas — sua intenção de renovar o contrato do técnico português Abel Ferreira até o fim de seu mandato.
A decisão, além de reconhecer o mérito de um trabalho consistente e vencedor, mostra mais uma vez que Leila se mantém na contramão do lugar-comum entre dirigentes de futebol: não se curva a pressões internas, muito menos externas, e conduz o clube com a mesma firmeza e racionalidade que marca a gestão de suas empresas, longe do passionalismo tão característico do ambiente da bola.

Qualquer movimento no sentido de dispensar Abel no vácuo da insatisfação geral por um resultado doloroso soaria como sinal de fraqueza. Seria a antítese daquilo que a dirigente defende: profissionalismo e visão de longo prazo. Leila também sabe que não há no mercado um substituto disponível, pronto para assumir e manter o patamar competitivo do Palmeiras sem abalos. Afinal, estamos falando do técnico mais vencedor da história do clube, autor de um trabalho de cinco anos absolutamente diferenciado no futebol brasileiro.
A torcida nem sempre tem razão
É natural entender a frustração e até a revolta da torcida diante de duas eliminações seguidas para o maior rival. No calor da partida, com as feridas ainda abertas, surgem protestos, palavras duras e até coros mal-educados — reações que, dentro do contexto do futebol, são até previsíveis. O que não se pode aceitar com naturalidade é a ideia de que esse seria o momento para uma ruptura. A torcida nem sempre tem razão. Leila sabe disso.
Talvez seja o caso de uma simples correção de rota. Depois de cinco anos de muitos títulos e conquistas, é normal que o time viva um momento de reestruturação, e esse processo exige tempo. Talvez o próprio Abel precise rever algumas convicções, ser um pouco mais maleável e menos visceral. O importante agora é que todos — direção, comissão técnica, elenco e torcida — mantenham a cabeça fria e deixem o coração descansar. Porque, no duelo com o Corinthians, a temperatura subiu além do ponto e o único resultado foi prejuízo.
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A cultura imediatista que domina o futebol brasileiro já destruiu mais projetos do que salvou. Ao remar contra essa maré, Leila não apenas preserva um técnico, mas reafirma que o Palmeiras não é — e não será — refém do calor do momento.





