Corinthians e a incessante busca pelo equilíbrio: como manter Depay sem dinheiro para as contas mais urgentes?

POR MATHEUS SILVA
DA ESPM/THE FOOTBALL

A relação entre o atacante Memphis Depay e o Corinthians simboliza um dos grandes desafios do futebol brasileiro: é possível conciliar ambição esportiva e equilíbrio financeiro quando já se vive no vermelho? A questão foi levantada depois de ser noticiado que o time pediu ao craque holandês para que deixasse o hotel de luxo que mora em São Paulo. O pedido teria sido feito como forma de reduzir custos mensais – atualmente, o Corinthians cobre o valor de sua hospedagem de R$ 250 mil.

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A chegada de Memphis ao clube foi tratada por muitos como um suspiro em meio a desordem, tanto esportiva quanto institucional, mas atualmente são as contas que sufocam o Corinthians cada vez mais. Ninguém espera que seja barato manter um jogador de Copa do Mundo no elenco, com passagem por Barcelona e Manchester United, vestindo a camisa de um clube que busca retomar o protagonismo nacional e titular da seleção holandesa.

Entretanto, os números que sustentam a operação revelam um acordo de alto custo e complexidade financeira. E levanta questionamentos sobre o impacto real dessa aposta. Vale a pena continuar com Depay?

Contrato de R$ 120 milhões

O contrato do atacante é um dos mais caros já firmados por um clube brasileiro. O acordo pode alcançar R$ 120 milhões até o fim de seu vínculo, em julho de 2026 — considerando salários, luvas e bonificações. Há muitas bonificações. O atacante recebe aproximadamente R$ 2,9 milhões por mês. Além dos valores fixos, o contrato prevê metas específicas que podem elevar o valor a R$ 4,5 milhões. Uma parte é paga pelo patrocinador do time. Depau ganha por gols e participações em gols, títulos conquistados e até premiações individuais nos campeonatos da CBF. Esses valores, somados, podem bater nos R$ 6 milhões/mês.

Mas o custo do holandês vai além da folha salarial. O jogador conta com um pacote de regalias que inclui moradia em hotel, carros blindados com motorista particular, cozinheiro, segurança privada e 24 passagens anuais em classe executiva para viagens entre Brasil e Europa. Até mesmo o motorista do atacante tem hospedagem bancada pelo clube, já reportado neste ano. Está tudo em contrato.

Aporte da patrocinadora

Para viabilizar a operação “Memphis Depay”, o Corinthians contou com o apoio de patrocinadores — um deles teria desembolsado R$ 57 milhões para custear parte do acordo. Ainda assim, o clube enfrenta atrasos e pendências. Osmar Stábile, presidente do clube, afirmou recentemente que deve cerca de R$ 23 milhões ao jogador, mas que planeja a quitação da dívida em parcelas até março. Depay está em silêncio. Por ora, só joga bola.

O resultado de toda essa operação financeira gera uma grande dúvida entre torcida e diretoria: vale insistir no contrato? É mesmo a melhor opção para o time? O diretor jurídico Pedro Soares classificou a “operação Memphis Depay” como “fora da realidade” do clube, e sugeriu apurar a responsabilidade dos ex-dirigentes envolvidos na contratação feita em setembro de 2024, durante a gestão Augusto Melo, que sofreu impeachment.

Vendas de camisas e engajamento

No campo, o holandês tem mostrado flashes de talento, mas ainda busca constância. O retorno esportivo e comercial — em vendas de camisas, engajamento e resultados — será decisivo para determinar se o investimento fará sentido a longo prazo de contrato.

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O caso Depay no Corinthians expõe um dilema recorrente no futebol brasileiro: o desejo de elevar o nível competitivo convergindo com a necessidade de sustentabilidade financeira. Ao trazer um astro mundial, o Corinthians conquistou relevância e projeção, mas assumiu um compromisso que testa seus limites orçamentários. Resta saber se o brilho do craque holandês compensará o preço de sua presença em campo.