O Corinthians voltou a fazer do Maracanã um território de afirmação histórica. Como em 2012, quando o mundo se rendeu à camisa alvinegra, foi novamente ali, sob o peso do maior palco do futebol brasileiro, que o Timão se recusou a sucumbir soterrado por suas próprias mazelas. A vitória por 2 a 1 sobre o Vasco, na noite deste domingo, garantiu a Copa do Brasil e selou um título que parecia improvável demais para um ano que, por muitos meses, flertou com o desastre, com a vergonha, com a fraude e com o crime.
Dorival Júnior levantou o troféu pela quarta vez e entrou definitivamente na galeria de estrelas do torneio, igualando o mítico Luiz Felipe Scolari como maior vencedor da competição.

Mais do que números, porém, o que se viu foi a consagração de um trabalho que sobreviveu à desconfiança, ao barulho externo e ao permanente estado de cobrança que envolve qualquer técnico do Corinthians — ainda mais em uma temporada marcada por crises fora de campo, denúncias administrativas e um clube que, não raro, aparecia mais nas páginas policiais do que nas esportivas.
Vaga na Libertadores de 2026
O título muda tudo. Soma-se ao Paulistão conquistado sobre o arquirrival Palmeiras, garante vaga direta na fase de grupos da Libertadores de 2026 e ainda injeta um prêmio milionário capaz de aliviar, ao menos parcialmente, o rombo financeiro que assombra o clube. É a diferença brutal entre o pesadelo anunciado e um cenário que beira o sonho. Um contraste que só o Corinthians, com sua camisa pesada e sua torcida obsessiva, parece capaz de produzir.
Em campo, a decisão foi um retrato fiel do time de Dorival. Estratégico, aplicado e, sobretudo, competitivo fora de casa — uma marca desta campanha impecável como visitante. No primeiro tempo, o Corinthians foi quase perfeito. Com três volantes protegendo a defesa e laterais liberados para agredir, encontrou pelo lado direito o caminho da final. Matheuzinho insistiu, insistiu e, na terceira tentativa, foi cirúrgico: passe preciso para Yuri Alberto, que dominou com frieza de domingo no parque e finalizou com classe para vencer Léo Jardim.
Susto com gol de Nuno
Pouco depois, em jogada parecida, agora com enfiada de Martínez, Yuri teve nos pés a chance de matar a final. Errou o alvo. O castigo quase veio em seguida. O Vasco cresceu, reorganizado sob o comando de Philippe Coutinho, explorando os corredores e aguardando o erro — que apareceu. Raniele, com a jogada controlada, falhou na saída de bola e permitiu o ataque em velocidade. A defesa corintiana estava desarrumada quando o português Nuno apareceu livre na pequena área para cabecear e empatar, sem chances para Hugo.

Se o intervalo trouxe tensão, o segundo tempo revelou, mais uma vez, a mão de Dorival Júnior. O gol do título nasceu de uma jogada construída no laboratório tático. Breno Bidon, em um lance de maturidade rara, aplicou um único drible que tirou dois marcadores e deu início à jogada. A bola chegou a Matheuzinho, novamente pela direita. O lateral encontrou Yuri, que invadiu a área e cruzou rasteiro. Memphis Depay estava lá.
E quando o jogo pede estrela, ele costuma responder. O holandês marcou em todos os jogos decisivos da campanha e, no Maracanã, não foi diferente. Empurrou para as redes e colocou o Corinthians novamente à frente — agora de forma definitiva.
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O que veio depois foi resistência, entrega e aplicação tática. O Corinthians se fechou, sofreu o que precisou sofrer e administrou o resultado com a maturidade de quem entende finais. Quando o apito soou, não era apenas um título que estava sendo celebrado. Era a reafirmação de uma identidade. A prova de que, mesmo cercado por caos, o Corinthians ainda sabe se blindar, se unir e competir. No Maracanã, mais uma vez, a história se repetiu. E o Corinthians saiu campeão.





