Parece que a tentativa de formar uma liga no futebol brasileiro está novamente fadada ao fracasso. O racha da vez é na Libra, que tem Flamengo e Palmeiras e mais sete clubes no bloco. Eles deveriam remar para o mesmo lado e chegar a um acordo bom para todos da divisão do dinheiro. Sim, tudo gira em torno do dinheiro que cada clube tem direito a receber. Ou que acha ter o direito a receber.
O impasse está feito e as acusações começaram fortes. Os presidentes Luiz Fernando Baptista, o Bap, e Leila Pereira, de Flamengo e Palmeiras, respectivamente, trocam farpas desde que o clube do Rio impediu na Justiça o repasse de R$ 77 milhões aos times da Libra. Esse dinheiro, que faz parte do valor de R$ 1,1 bilhão anual das transmissões dos jogos na Globo, diz respeito ao montante do PPV. O Fla quer receber mais. O clube alega estar perdendo R$ 100 milhões de uma temporada para a outra.

A história virou um Fla-Flu. As acusações entraram no tom de fervura depois da boa entrevista da Bap ao Uol, em que o dirigente diz que o Palmeiras comanda as movimentações da Libra e que o Flamengo está sendo excluído das decisões. Ele não descarta a possibilidade de a Libra excluir o Flamengo do bloco, mas garante que não vai nem quer sair. Os demais clubes estão calados.
Bap x Leila
Não me parece que o cenário mude entre Bap e Leila. São dirigentes com fortes e que fazem exatamente o que todos os outros gostariam de fazer: brigar pelo seu clube. No passado, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, foi duramente criticado por isso, por olhar apenas para o Vasco. Mas virou moda. Todos “euricam” no futebol atual.
De modo que além das ligas, se um dia ela se tornar única, de fato, as negociações dos direitos de TV/Streaming vão precisar de um mediador acima dos clubes. Hoje, do lado da Libra, essa entidade é a Rede Globo, com quem os clubes assinaram compromisso até 2029. Não deveria ser a emissora, mas caminha para que seja ela, uma vez que a CBF não se mete no assunto, apesar de acompanhar tudo de perto. Afinal, é o seu principal campeonato.
Tudo é por dinheiro
Os presidentes não vão se acertar nem parecem ceder. Novos temas vão surgir nesse negócio e sempre haverá um clube se achando prejudicado na divisão do dinheiro e outro querendo ganhar mais… Daí a importância de uma entidade acima dos clubes, que deveria ser a própria liga, mas pelo que o presidente do Flamengo diz, a Libra, no caso, já está contaminada. Bap não demonstrou qualquer abertura para repensar suas declarações. A Libra entende estar agindo da melhor maneira possível e garante ter tudo documentado e assinado pelos clubes.
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Uma liga, seja ela qual for, tem de ser uma entidade voltada para atender as decisões dos clubes e encontrar caminhos nas divididas para deixar todos satisfeitos. Ela jamais deve tomar lado desse ou daquele. Seu papel é costurar os acordos, num trabalho de convencimento e clareza. Se um clube estiver insatisfeito, a liga tem problemas. Os contratos devem ser assinados e cumpridos. Se ela e os clubes não trabalham dessa forma, não há razão para seguir nesse formato.