A Fifa, tantas vezes criticada por suas decisões controversas, parece ter acertado em cheio na concepção deste novo formato do Mundial de Clubes. Pelo menos no Brasil, o torneio já pode ser considerado um sucesso de público e crítica. A repercussão é vasta. Torcedores absolutamente envolvidos com cada rodada, canais detentores dos direitos de transmissão ampliando sua audiência, e até veículos de mídia fora desse circuito dedicando espaço generoso à cobertura dos jogos, com mesas-redondas, debates pós-partida e reportagens que vão além das quatro linhas.
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O clima é mesmo de Copa do Mundo. A febre é real. O refrão chiclete da música-tema do torneio — aquele “na-na-na-na-na” que embala a abertura das transmissões — já está cravado na cabeça e no coração do torcedor brasileiro. Neste domingo e segunda, sem futebol, paira até um certo vazio. Sentimos falta daquela trilha sonora que virou símbolo de uma nova e inesperada paixão.

Mesmo com apenas um brasileiro nas semifinais, o Fluminense, o engajamento é generalizado. A reta final da competição promete jogos sensacionais, como alguns que já marcaram esta edição. Exemplo da vitória do Al-Hilal sobre o Manchester City e o final épico do triunfo do Real Madrid por 3 a 2 sobre o Borussia Dortmund, no sábado à noite. Momentos que comprovam: o Super Mundial pegou.
Brasil ainda tem o Fluzão vivo
A Fifa, que há décadas tenta dar à sua versão do Mundial o mesmo prestígio que um dia teve a antiga Copa Intercontinental, enfim parece ter encontrado a fórmula. O torneio, nascido como um confronto direto entre o campeão europeu e o sul-americano, brilhou por anos no Japão, sob o patrocínio da Toyota. Era ali que se decidia, informalmente, quem era o verdadeiro campeão do mundo. Para o torcedor era o título que valia e botava fim – ou incendiava – as discussões de botequim.
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Mas agora o cenário mudou. Disputado nos Estados Unidos, sob forte inspiração na Copa do Mundo de seleções, o novo Mundial foi bem recebido tanto pelo público quanto pelas empresas de mídia — que compram os direitos de transmissão, vendem cotas de patrocínio e lucram com a febre futebolística reacendida. O interesse é geral. E todos parecem sair ganhando.
Muito dinheiro aos participantes
Por falar em dinheiro, a Fifa também foi estratégica nesse particular. Além do formato, ofereceu premiações generosas, simplesmente sedutoras. E isso fez diferença. O efeito psicológico dos altos prêmios contribui diretamente para o sucesso da competição. Veja o caso do Fluminense: considerado um azarão entre os gigantes, o clube chegou às semifinais e, com isso, já garantiu uma premiação superior a R$ 300 milhões — valor que supera o orçamento tricolor para toda a temporada. Em menos de um mês, o Flu arrecadou mais do que conseguiria em um ano inteiro de jogos e bilheterias.

As cifras milionárias não são um mimo. São um convite — quase irrecusável — para clubes europeus e sul-americanos que antes torciam o nariz para disputar um torneio em pleno final de temporada do Velho Continente, praticamente o período das férias dos jogadores. Com tanto dinheiro na mesa, as reclamações rarearam. E os que ficaram fora hoje provavelmente olham com inveja para o baile que não puderam dançar.
O torneio é bom. Mas pode — e deve — melhorar. Um dos pontos a ajustar é a periodicidade. A realidade dos clubes não é a mesma das seleções, que se enfrentam a cada quatro anos. O futebol de clubes é cotidiano, visceral, alimenta rivalidades, movimenta comunidades, constrói narrativas profundas. Talvez um intervalo de quatro anos entre as edições seja longo demais. Por que não um Mundial de Clubes a cada dois anos?
Mundial de Clubes a cada dois anos?
Ao invés de esperar quatro temporadas para levar quatro campeões da Libertadores, por exemplo, a Fifa poderia considerar levar também os vices para cada ciclo de dois anos. Isso aumentaria a atratividade dos torneios continentais onde o segundo lugar passaria a ter um prêmio concreto além da frustração da derrota. Mais jogos, mais histórias, mais audiência. Mais futebol.

É natural que um projeto em seus primeiros passos precise de ajustes. Mas o mais importante é não desperdiçar o que já foi construído. A Fifa, tantas vezes refém de suas indecisões, precisa manter o foco, ter convicção. O Mundial de Clubes, neste novo formato, tem identidade, tem brilho, tem apelo. E no Brasil — este termômetro tão fiel da paixão futebolística — ele já é um sucesso.
Tomara que não deixem essa conquista esvair-se. Aqui, do nosso lado do mundo, já estamos com saudade. E se neste domingo o futebol nos deu uma folga, a música ainda toca na nossa cabeça. E o coração, como sempre, bate em ritmo de bola rolando.
Na-na-na-na-na…Na-na-na-na-na!





