No Brasil, discute-se no Congresso a chamada “PEC da Blindagem”, uma proposta que, sob o pretexto de preservar, na prática isola quem deveria ser cobrado. Curiosamente, o Corinthians parece viver uma versão própria dessa manobra, conduzida pelo discurso do técnico Dorival Júnior, que a cada derrota cria um cenário imaginário de que está tudo bem e que os jogadores não podem ser culpados.
Depois da derrota para o Sport — apenas a segunda vitória dos pernambucanos em 22 rodadas, e a primeira em casa —, o treinador preferiu falar em combatividade, entrega e azar em um lance isolado que determinou o gol rival. Ignorou a falta de competitividade visível, blindou seus atletas das críticas e, no fim, apresentou uma narrativa descolada da obviedade que não condiz com o que a torcida viu em campo.
O problema é que essa blindagem não protege o Corinthians: apenas mascara suas fragilidades. Após 24 rodadas, o time permanece na zona cinzenta do meio da tabela, sem força para encostar nos rivais de cima e vulnerável aos que vêm de baixo. Contra os adversários do Z4, tem pífios 33% de aproveitamento, um desempenho que não condiz com quem deveria estar mirando vaga na Libertadores.
Distanciamento da realidade
Se o Congresso tenta blindar políticos de desgastes, Dorival tenta blindar jogadores de críticas. Nos dois casos, a consequência é a mesma: o distanciamento da realidade e a perda de credibilidade diante de quem assiste. A torcida do Corinthians não pede linchamento, pede apenas que se chame o problema pelo nome. Sem diagnóstico correto, não há solução possível.
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O maior risco, portanto, não é perder pontos para o lanterna, embora seja também, mas continuar acreditando que tudo não passa de “fatalidade”. É bom o Corinthians abrir o olho para não chegar ao fim do campeonato numa encruzilhada.
